Hoje é o dia internacional contra a corrupção. Dom Pedro Casaldáliga fazia uma oração que ele intitulava Deus de toda vida... que era assim: “Deus de toda vida, único Senhor da terra, Pai-mãe da família humana! Tu nos queres vivendo em irmandade, sem medo e sem violência, sem egoísmo e sem corrupção: na justiça, na solidariedade e no amor. Teu é o Reino e a Glória para todo o sempre. Amém.”
Corrupção do ponto de vista etimológico, significa deterioração, quebra de um estado funcional e organizado. Vem do latim corruptus, que significa quebrado em pedaços. O verbo corromper significa tornar pútrido.
A corrupção também pode ser definida como utilização do poder ou autoridade para conseguir obter vantagens e fazer uso do dinheiro público para o seu próprio interesse, de um integrante da família ou amigo. É caracterizado pelo favorecimento de alguém prejudicando outros. Toda sociedade corrupta sacrifica a camada pobre, que depende puramente dos serviços públicos. Quando o governo não tem transparência em sua administração é mais provável que haja ou que incentive essa prática , e quando a população é mais esclarecida acerca dos seus direitos, é mais difícil de ser enganada.
Parece que esse comportamento corrupto é uma característica indelével do mundo material, porém como a oração de Dom Pedro Casaldáliga a inclui, posso também a imaginar nas relações espirituais.
O amor que eu recebo de Deus tenho que o distribuir com justiça, transparência e caridade. Devo seguir a hierarquia nessa distribuição: Deus, eu e o próximo. Devo amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a mim mesmo. Esta é a regra básica por onde flui a Lei do Amor. Caso eu não a obedeça, estarei também sendo corrupto no campo espiritual.
A corrupção maior é não reconhecer o meu Criador o que me criou e me mantém no amor. Por atendimento à Justiça é preciso que eu devote a maior parte do meu amor para Ele. Depois disso, devo dirigir o amor a mim próprio, pois como ser vivo, consciente e com livre arbítrio, e feito à semelhança de Deus, sou quem merece a distribuição do amor em segundo plano.
Agora, é na relação com o próximo que existe o maior risco de corrupção, como acontece no mundo material. Primeiro, porque o próximo não pode ter rótulo de inclusão ou de exclusão. Todos merecem ser incluídos, ninguém merece ser excluído, desde que todos são feitos semelhança de Deus, e o que eu faça a qualquer um que esteja próximo, estarei fazendo também a Deus. Pois aqui acontece as grandes corrupções no campo espiritual e que se reflete no campo material. A minha tendência é direcionar todo o meu amor para as pessoas que tem um significado biológico, quer seja um pai, uma mãe, um irmão, uma companheira, tudo com um forte componente exclusivista. Já não me incomoda ver o próximo passar pela vida despercebido, sem carinho, sem amor... todo o amor que tenho deve ser direcionado para meus parentes! Existe ainda um policiamento, todos já adquiriram essa prática do exclusivismo na distribuição do amor e se eu vou distribuir o meu amor alhures e deixo meus parentes sem o meu amor nesse momento, sou vítima de críticas, de admoestações, até de represálias, como ser expulso de casa como já aconteceu duas vezes.
Mas eu evito a corrupção, tanto no campo material quanto no campo espiritual. Todo o amor que eu tenho e que recebo em abundância do Pai, jamais o distribuirei para somente alguns em detrimento de outros, assim como faço com o dinheiro que chega aos meus bolsos. Se meu destino ao me comportar assim é viver pobre e sem companhia, já estou preparado para isso. Todo sofrimento que vier sobre mim em decorrência disso, terei a compensação no mais íntimo do meu coração, de que estou fazendo a vontade do Pai e obedecendo a Sua Lei, sem corrupção!