Sua memória é celebrada pela Ordem Franciscana da cidade de Foligno, uma comuna italiana da região da Umbria, província de Perúgia, com cerca de 56.036 habitantes. Quando jovem entregou-se as vaidades femininas, uma vida folgada e tranquila com marido e filhos. Não lhe faltaram também graves culpas morais culminadas numa série de comunhões e confissões sacrílegas. Aos 37 anos de idade mudou radicalmente seus costumes de vida. A morte do seu marido e filhos trouxe-lhe grandes dores e provações. Nessas trágicas circunstâncias mostrou uma força espiritual acima do comum. No ano de 1285 São Francisco lhe apareceu em sonho e exortou-a a percorrer com coragem o caminho da perfeição. Ângela entrou na Ordem Terceira de São Francisco e empreendeu uma peregrinação até Assis. Essa peregrinação deixou-lhe na alma um traço profundo. Foi durante essa viagem que Ângela teve experiências místicas desconcertantes. O beato Arnaldo de Foligno, seu confessor, pensando tratar-se de fenômenos diabólicos, obrigou-a a contar-lhe suas experiências interiores.
A necessidade de iluminar as profundezas desta alma invadida pela graça deu origem a um dos mais preciosos livros sobre as experiências místicas de uma alma favorecida por Deus de modo especial. A autobiografia que Ângela ditava em trinta passagens descreveu o que acontecia na sua alma, desde o momento de conversão até 1296, quando essas manifestações místicas tornaram-se menos frequentes e deram lugar a novas manifestações espirituais.
A pobreza, a humildade, a caridade e a paz eram seus grandes temas e ela dizia assim: “O supremo bem da alma é a paz verdadeira e perfeita... Quem quer, portanto, perfeito repouso trate de amar a Deus com todo o coração, pois Deus mora no coração. Ele é o único que dá e que pode dar a paz.”
O início de muitas almas alcançadas pela graça de Deus é de uma vida pecaminosa, para depois reconhecerem a dimensão de outra forma de pensar e de viver. Um exemplo marcante é o de Santo Agostinho, mas o de Ângela também faz lembrar esse percurso. É uma forma até natural de entender esse processo, já que assumimos um corpo biológico cheio de instintos e nossa alma sutil muitas vezes não tem força para se contrapor a eles, os instintos, principalmente na juventude quando os hormônios banham com fartura todos os meandros do corpo, da carne, dos desejos materiais de reprodução e manutenção da vida biológica.
Eu reconheço esse processo na minha trajetória de vida, reconheço que na juventude, apesar de viver dentro da igreja católica, eu tinha pouca preocupação com os valores espirituais. Minha mente estava sempre envolvida com os prazeres carnais, como era que eu podia obtê-los apesar de toda a vigilância da minha avó que me criava e educava. Entrei nos estudos acadêmicos com essa mesma distancia dos valores espirituais, estava envolvido profundamente com o estudo da matéria e com a forma de obter os desejos. Porem eu tinha dentro de mim um forte senso de justiça que fazia eu não abusar dos direitos do próximo.
Foi com a idade de Santa Ângela, acredito, que passei a voltar um olhar cada vez mais intenso para o mundo espiritual. Era a época de arrefecimento da força dos hormônios. Desenvolvi assim como Ângela um forte desejo de registrar minhas experiências, não com a intensidade mística que ela apresentava, mas com a facilidade tecnológica que hoje está ao meu alcance. Ela recebeu uma forte influência de São Francisco, a partir do sonho no qual ele lhe apareceu e orientou. A minha facilidade em ter contato com diversas fontes divinas, de outras culturas inclusive, fez eu centrar minha atenção no princípio criador de tudo, no próprio Deus e considerar de importância fundamental todos os ensinamentos dos diversos avatares que surgiram em diversas partes do globo, onde é reconhecido entre Eles, a prevalência moral e divina de Jesus de Nazaré. Partilho com Ângela a certeza de que Deus mora em nossos corações e que sua Lei está escrita em nossas consciências. Quando todos reconhecermos essa condição, então estamos prontos para construirmos o Reino de Deus prometido por Jesus.