Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
24/01/2013 01h01
PRUDÊNCIA, VERDADE E MENTIRA

            Francisco de Assis por sua imensa fé e esforço sobre-humano para ser a imitação do Cristo, passou a sofrer os mesmos ferimentos que o Cristo sofreu em sua crucificação. Nas mãos e pés os sinais dos cravos e do lado direito uma cicatriz como que transpassado por uma lança. Com muito empenho escondia essas coisas dos estranhos,ocultava-os com muita cautela dos mais próximos, de modo que os irmãos, devotíssimos seguidores, por muito tempo as ignoraram. Para que o aplauso humano não roubasse a graça que lhe fora concedida, esforçava-se por escondê-las. Experimentara que era grande mal comunicar tudo a todos, que não podia ser espiritual aquele cujos segredos não são mais perfeitos e mais numerosos do que aqueles que se veem no rosto e que podem pela aparência ser julgado em toda parte pelos homens. Pois ele havia encontrado alguns que concordavam exteriormente com ele e discordavam interiormente, aplaudindo na frente e rindo por trás; estes fizeram com que os corretos lhe fossem suspeitos. Concluía que, muitas vezes, a malícia procura denegrir a pureza, e por causa da mentira, que é amiga íntima de muitos, não se crê na verdade de poucos.

            É incrível essa percepção de Francisco, o quanto me traz de lições para o meu comportamento, como eu seria mais prudente no uso da verdade, no esquivar da mentira, se eu tivesse lido esse trecho antes. A graça que o Pai me deu, de perceber a realidade da vida e dos relacionamentos de acordo com os ensinamentos de Jesus para a construção Reino de Deus, eu teria tido mais cuidado em dizê-los de forma tão transparente em nome da verdade. Iria saber que muitos que me elogiaram na presença, por trás entraram na galhofa, na ironia, no riso sarcástico; iria saber que da verdade pura e transparente que eu disse, apenas iriam ser ressaltados os aspectos negativos, transformados em pejorativos e alimentados nos preconceitos. Não teria o desgosto de ver a pureza do que comunicava ser denegrida pela malícia, de ser construída em cima disso a mentira que é cúmplice de muitos, de ver desacreditada a verdade.

            Devo absorver com competência essa lição de Francisco, afinal ele foi competente em ocultar a graça recebida, mesmo estando exposta em seu corpo, por que então não consigo fazer o mesmo com a minha graça dentro dos meus pensamentos? Não quero dizer com isso que irei privilegiar a mentira, jamais! Irei sim, ser prudente em não colocar a verdade que vai ao meu coração, pensamentos e sentimentos para todos, devo fazer uma triagem rigorosa nesse sentido e omitir a graça que sinto ter sido merecedor. No entanto, em qualquer momento que a verdade for convocada, jamais ela será repudiada, mesmo que as consequências sejam por demais dolorosas.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/01/2013 às 01h01
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