Na audiência de 15-03-06, na Praça de São Pedro, o Papa Bento XVI disse o seguinte: “A intenção de Jesus de reunir a comunidade da Aliança para manifestar nela o cumprimento das promessas feitas ao Pai, com a implicação de convocação, de unificação, de unidade, é a instituição dos doze apóstolos. Ele disse que os queria para junto de si e eles corresponderam. Instituiu os doze para serem seus companheiros e para enviá-los a pregar com o poder de expulsar o demônio. Jesus com uma iniciativa que manifesta absoluta confiança e determinação, constituiu os doze para que sejam com ele testemunhas e anunciadores do advento do Reino de Deus. Ao escolher os doze, introduzindo-os numa comunhão de vida junto a si e tornando-os participantes de sua missão de anúncio do Reino em palavras e ações, Jesus quer dizer que chegou o tempo definitivo no qual se constitui novamente o povo de Deus, o povo das doze tribos, que agora se torna um povo universal, a sua igreja.
“Com a própria existência, os Doze – chamados de proveniências diferentes – se tornam um apelo para todo Israel, para que se converta e se deixe reunir na nova Aliança, pleno e perfeito cumprimento da antiga. Ter confiado a eles, na Última Ceia, antes de sua paixão, a tarefa de celebrar a sua memória, mostra o quanto Jesus desejava transmitir a toda a comunidade, na pessoa dos seus chefes, o mandato de serem, na história, sinal e instrumento da reunião escatológica, nele iniciada. Em certo sentido, podemos dizer que precisamente a Última Ceia é o ato da Fundação da Igreja, porque Ele se oferece a si mesmo e cria, assim, uma nova comunidade; uma comunidade unida na comunhão com Ele. Os doze apóstolos são, então, o sinal mais evidente da vontade de Jesus em relação à existência e à missão de sua igreja.
“Não podemos ter Jesus sem a realidade que Ele criou e na qual se comunica. Entre o Filho de Deus feito homem e a sua Igreja, existe uma profunda, inseparável e misteriosa continuidade, em virtude da qual Cristo está presente hoje no seu povo. Ele é sempre contemporâneo nosso, é sempre contemporâneo na Igreja construída sobre o fundamento dos apóstolos. E essa sua presença na comunidade, na qual ele próprio se oferece sempre a nós, é a razão da nossa alegria. Sim, Cristo está conosco, o Reino de Deus vem.”
Essa mensagem do Papa Bento XVI mostra sua preocupação em firmar os fundamentos da Igreja Católica sobre os fundamentos do trabalho dos doze apóstolos escolhidos pelo Cristo. Mostra que houve uma evolução da antiga Aliança entre as doze tribos de Israel para a nova Aliança constituída pela unidade dos 12 apóstolos em sua diversidade e atuação universal. Agora chega o momento de mais uma vez ser feita uma nova aliança dentro desse processo evolutivo em busca do Reino de Deus. Agora são os relacionamentos afetivos, íntimos, sexuais, do amor romântico, a base da estrutura familiar nuclear, que devem ser construídos com o rigor do Amor Universal, para que não haja desvios para outras funções menos nobres, de fundo egoísta. O relacionamento homem-mulher então se tornam o principal foco das transformações. A novíssima Aliança deverá ser baseada no compromisso do casal em manter sua relação sempre aberta para o fluxo do amor incondicional em todas as direções, sem exclusivismo de ninguém e de solidariedade entre todos. Isso implica que esse casal não pode ser exclusivista. Poderá ser aplicado o mesmo número de doze como sinalização de disseminação dessa comunidade como aconteceu com as duas outras Alianças que foram estabelecidas?