O amante incondicional é aquele que tendo conhecido e absorvido a pureza do Amor Incondicional em sua vida, como a própria essência do Divino, decide a colocar em prática com toda a honestidade, como se fosse uma missão ditada pelo próprio Deus em sua consciência. O primeiro passo para isso é transformar o seu paradigma de vida, da orientação do amor romântico para o amor incondicional. Depois de ter vencido essa etapa, de ter ultrapassado os próprios preconceitos, quando estiver disposto a arcar com todas as consequências da aplicação do amor incondicional, então estará pronto para o estabelecimento de relações nessa base. Irá ser muito combatido, criticado e até expulso e excluído, num mundo dominado pelo amor romântico, o qual forma a base da família nuclear, esteio de toda a sociedade de predomínio egoísta.
O amante incondicional respeita e acata Deus como o seu Pai e inspirador final, que pode ser visto de formas diferentes conforme as várias civilizações ou comunidades. É um universalista, não tem uma religião exclusiva, pela própria natureza do amor incondicional, ele inclui todas as religiões que respeita o Deus único, qualquer que seja a forma que seja apresentada.
Eu, que me incluo no conjunto dos amantes incondicionais, respeito e acato o Deus de Amor apresentado por Jesus de Nazaré, o qual considero o meu Mestre maior e do qual tenho a principal lição que uso como bússola na minha vida: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo.
O amante incondicional ama toda a natureza a qual ver como a criação do Pai, e principalmente ama o próximo como a semelhança de Deus, o corpo de cada ser humano como o templo de Deus.
O amante incondicional por natureza é um criador de relacionamentos os mais diversos, principalmente os relacionamentos interpessoais, principalmente os relacionamentos de gênero, homem-mulher, que podem ir até o mais profundo de um relacionamento que é a relação íntima, sexual. Este nível de relacionamento é o mais emblemático, complicado e de difícil realização, pois é nesse ponto que entra em conflito com o amor romântico que exige a exclusividade. Mas, quando se afasta desse nível de relacionamento todos os impeditivos éticos, o amor incondicional não considera as barreiras culturais ou preconceituosas que obstaculizam o processo. O amor romântico não permite de nenhuma forma a inclusão de outras pessoas na intimidade do relacionamento. É criado dessa forma uma barreira intransponível entre o amante incondicional e o amante romântico.
O amante incondicional acata e acolhe, pratica e se harmoniza com o amor romântico, no momento do exercício do relacionamento, em qualquer nível que ele esteja, até o mais profundo, da relação sexual. O amante romântico não acolhe e não acata, não pratica e não se harmoniza com o amor incondicional quando este chega ao nível mais profundo, da relação sexual, com outras pessoas.
O amante incondicional está fadado a caminhar sozinho no mundo dominado pelo amor romântico, pois todos os relacionamentos que construir, por mais cheios de amor como ele sabe como ninguém proporcionar, ao chegar ao nível da profundidade sexual, implodirá com uma profunda carga de sofrimento. A única forma de viabilizar o relacionamento com harmonia, profundidade e sentimento de eternidade, é que o amante romântico se converta também em amante incondicional, que seja também um exclusivista nas suas diversas relações, quando a oportunidade chegar.
Enquanto isso não chega, o amante incondicional caminha sozinho, mesmo que ao seu redor esteja cercado de amantes românticos, mas nenhum deles harmoniza com os seus paradigmas, com a sua prática, com a sua universalidade do amar. São pessoas que amam, mas estão sempre a sofrer, a recuar, a abandonar, a expulsar, a criticar... são pessoas em conflito e perdem assim o que de mais importante o amante incondicional pode oferecer: a harmonia de um amor, profundo, inclusivo e eterno!