Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
16/02/2013 00h46
LUXÚRIA

            Está escrito na Bíblia: “E aconteceu, à hora da tarde, que Davi se levantou do leito e andava passeando no terraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa a vista (2 Samuel 11:2)”

            Aqui Davi, o grande devoto de Deus, tronco hereditário de onde viria surgir Jesus, sofreu a mais cruel derrota da parte do inimigo da nossa alma, nosso próprio corpo. Verificamos assim que o crente mais devoto possui um coração corrupto, totalmente aberto às concupiscências da carne, e portanto tem de cuidar das entradas de seu coração, particularmente no que se refere aquilo que os olhos contemplam. Não é que esse instinto sexual que pode levar à luxúria seja um vilão desalmado e sem utilidade. Esse instinto sexual garante a preservação da espécie, a continuidade da vida biológica no mundo material. Portanto, essa engenharia de Deus, que nos trás tão forte sensação de prazer, o orgasmo, é de fundamental importância. Esse prazer que gratifica profundamente o homem e mulher, garante o interesse de ambos na prática que tem como consequência a geração do filho. Portanto, o ato sexual tem conotação divina na sua origem, mas a luxúria que deriva dele, procura com exclusividade a obtenção do prazer, sem nenhuma outra preocupação. Não considera a geração do filho, não se importa com o interesse da parceira, não avalia as circunstâncias e o prejuízo que pode causar a terceiros.

            Reconheço a força do instinto sexual como uma grande motivadora do comportamento animal em geral e humano em particular. É ela que gera o amor romântico que se distancia tanto do amor incondicional; que forma os núcleos familiares exclusivistas, que favorece os privilégios grupais de toda natureza; que viabiliza os graves desníveis sociais com a criação dos miseráveis milionários e poderosos e miseráveis pobres e famintos; que fomenta guerras e revoluções em todos os rincões do planeta.

            Não posso evitar a geração dessa força em meu organismo e o desejo que ela provoca em minha mente. Porém eu posso evitar que meu comportamento degenere em luxúria. Posso fazer como a maioria dos santos fizeram, sublimar esse desejo em outra atividade voltada para a vontade de Deus, privilegiando o celibato. Mas também posso usar essa força e a colocar a serviço do amor incondicional. Dessa forma o romantismo não é privilegiado como a prioridade, as relações se formam na base da inclusão onde todos que se sintonizem afetivamente podem aprofundar o relacionamento até onde o amor incondicional permitir. Agindo assim, o potencial de prazer se torna viável no contexto global de nossa qualidade de vida.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/02/2013 às 00h46
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