O Pai encontra todos os modos de abastecer seus filhos com as informações necessárias ao momento evolutivo que cada um atravessa. Estou agora num momento decisivo da minha vida, imitando de forma adaptada a permanência do Seu filho muito amado no deserto, conforme a Sua instrução, para que eu também fosse testado nas minhas aspirações e capacidade de realizar a missão que Ele me confiou.
Então Ele me envia mais uma instrução através de um livreto que fala justamente sobre isso, a “Imitação de Cristo”. Diz o seguinte:
“1. Procura tempo oportuno para cuidar de ti e relembra a miúdo os benefícios de Deus. Renuncia às curiosidades e escolhe leituras tais, que mais sirvam para te compungir que para te distrair. Se te abstiveres de conversações supérfluas e passeios ociosos como também de ouvir novidades e boatos, acharás tempo suficiente e adequado para te entregares a santas meditações. Os maiores santos evitavam, quando podiam, a companhia dos homens, preferindo viver com Deus, em retiro.”
Deus coloca dessa forma, as instruções básicas de como devo proceder nesse período da quaresma, quando, imitando Jesus, entro numa espécie de deserto que minha mente elabora ao encontro com Deus.
A cada momento da minha rotina, que não posso abandonar, pois o trabalho também é uma prece, devo encontrar o tempo para observar minhas falhas e relembrar todos os benefícios que o Pai coloca ao meu alcance a cada instante da vida.
A minha leitura deve ser mais selecionada, devo ler principalmente, e nesse período exclusivamente, os livros que me levem ao arrependimento das faltas identificadas e ao esforço para corrigi-las.
Evitar as conversas supérfluas, irônicas, maledicentes, capciosas, é a tarefa mais difícil de realizar, pois estou mergulhado nesse hábito ao lado dos colegas de trabalho, amigos ou parentes. Mesmo que sejam pessoas bem intencionadas, não percebem o estrago que fazem na vida de outrem quando são maledicentes. É diferente do malvado, que mesmo sabendo desses efeitos maléficos mesmo assim o faz, exatamente por isto. Eu sei que não tenho más intenções, mas vez por outra estou me vendo praticando o mesmo mau hábito junto aos que fazem coro comigo na ocasião. Tenho que estar vigilante, nesta quaresma pelo menos, muito maior vigilância, para evitar participar das maledicências e de mim mesmo não as provocar. Confesso que mesmo dentro destes nove dias que já se passaram da Quaresma, lembro-me de ter ouvido, participado e até mesmo incentivado comportamentos tendenciosos em função de ações inadequadas de meus irmãos. Devo corrigir isso nesses 31 dias restantes da Quaresma! Devo lembrar sempre o comportamento do bom amigo: “escrever as injúrias na areia para que a primeira brisa da manhã as apague, e escrever os benefícios no mármore para que a esponja do tempo não os apague”.