Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
25/02/2013 23h47
ROTINA NO DESERTO

            Estou entrando num padrão satisfatório na vida no deserto. Equilibrei minhas obrigações materiais, de trabalho e de relacionamentos profissionais ou sociais sem festa, com o dever espiritual do clima da Quaresma. Hoje fiquei o dia inteiro de jejum, sem comer uma simples balinha. Sinto que satisfiz a expectativa do Pai, sinto que ele até me recompensou em alguns momentos, diferente do sábado quando eu senti o peso de seu castigo, na forma das consequências do que eu fiz. Chego cedo em casa vindo direto do trabalho, sento no tapete da sala e fico rodeado de livros que escolhi para ler nesse período, todos de cunho espiritual, que me orientem, confortem, motivem. É pena que eu tenha que dormir, queria aproveitar a noite toda madrugada a dentro sem tirar nenhum cochilo. Acontece que quando forço para fazer isso, nãoconsigo, a mente apaga e durmo em qualquer lugar, no sofá, no tapete, no puf, na cadeira de trabalhar... raramente me destino dormir na cama, e quando isso acontece é para dormir pouco tempo, deitar de 5 horas e levantar de 6 horas, por exemplo. Sei que o meu ritmo de funcionar está fora dos critérios fisiológicos, principalmente no que diz respeito ao sono e a alimentação. Recebo críticas sobre isso, mas não posso entrar no comportamento regular que todos procura seguir. Tenho consciência imortalidade da alma e que meu estágio aqui na terra é para aprender e ensinar lições que produzem nossa evolução, saber lidar com as exigências e necessidade do corpo é a grande lição. Vivo cercado de estímulos os mais diversos, a grande maioria dirigida aos prazeres dos sentidos corporais, ligados a manutenção do corpo físico e a preservação da espécie.

            Esta sensação de satisfação, de harmonia com as exigências espirituais que se confrontam com as necessidades materiais, é como um exercício salutar para o espírito que esse período da Quaresma oferece. Espero que essa sensação de rotina se espalhe para o período fora da Quaresma, quando será incluída de volta todas as relações afetivas com todas suas demandas de intolerância e de exclusividade para com os outros. Espero voltar com toda a sabedoria que este atual momento está me proporcionando, apesar do sofrimento que é o afastamento afetivo das pessoas que amamos. Pelo menos sinto um grande avanço: a comunicação com o Pai e com o Mestre Jesus está mais satisfatória. Já encontro as palavras para falar com ambos com naturalidade, afinal, são Eles que estão afetivamente comigo neste deserto.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 25/02/2013 às 23h47
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