Voltando a leitura do livreto IMITAÇÃO DE CRISTO, cap. 20, que fala do amor à solidão e ao silêncio, item 3: “Não pode haver alegria segura sem o testemunho de boa consciência. Contudo, a segurança dos santos estava sempre misturada com o temor de Deus; nem eram menos cuidadosos e humildes em si mesmos, porque resplandeciam em grandes virtudes e graças. A segurança dos maus, porém, nasce da soberba e presunção, e acaba por enganar-se a si mesma. Nunca te dês por seguro nesta vida, ainda que pareças bom religioso ou ermitão devoto.”
Este é um bom conselho que eu devo aproveitar. Tenho uma tendência, de só por que tenho boas intenções, já me considerar seguro, num patamar espiritual superior. Agora, não sinto esse temor de Deus com tanto significado como é colocado no texto. Sinto mais um grande respeito e grande veneração, que Ele está sempre perto de mim e pronto para me ajudar e perdoar os meus erros. Acredito que é assim por causa das minhas intenções. Caso eu tivesse más intenções eu poderia temer à justiça de Deus. Mesmo na ocorrência dramática que passei no sábado, devido ao meu exagero na alimentação, na gula, enfrentei as consequências sabendo que era permissão de Deus, mas que eu podia recorrer a Ele para ser perdoado por minha invigilância. Então, a minha segurança está sempre vinculada ao amor de Deus a todas as criaturas, e principalmente aquelas que conscientemente procuram fazer Sua vontade, deixando de lado os próprios interesses.
Este período que estou passando no deserto quaresmal deve ser único. Deve ser uma espécie de vestibular, de ENEM espiritual onde de acordo com meu desempenho vou ser aceito para uma missão apropriada ao que já conquistei com meus esforços até o atual momento. Como todo estudante que faz o ENEM, eu também enfrento o deserto esperando me capacitar para uma missão que considero muito honrosa e que para tanto vou precisar de professores de alta competência espiritual, da estirpe do próprio Jesus, mesmo porque a missão que eu quero é justamente aquela que Ele veio anunciar: realizar o Reino de Deus neste mundo material, nestas relações interpessoais cheias de egoísmo, nas relações íntimas cheias de exclusivismo.