Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: “Antes que duas vezes cante o galo, você me negará três vezes.” E se pôs a chorar. (Marcos, 14:72).
A caminho do Getsêmani, Jesus havia previsto que Pedro o negaria. Mas o impetuoso Pedro havia negado veementemente essa possibilidade: “Ainda que todos se escandalizem de ti, eu, porém, nunca!” (Marcos, 14:29). E repetia com mais ardor: “Ainda que seja preciso morrer contigo, não te renegarei.” (Marcos 14:31).
Todos os quatro evangelistas registram a negação de Pedro. Todas as negativas têm lugar no pátio da casa do sumo sacerdote ou próximo dali.
Primeiro, uma das criadas do sumo sacerdote fixou os olhos em Pedro que se aquecia, e disse: ”Também tu estavas com Jesus de Nazaré.” Ele negou: “Não sei, nem compreendo o que dizes.” (Marcos, 14:66-68).
Segundo, a criada que o vira começou a dizer aos circunstantes: “Este faz parte do grupo deles.” Mas Pedro negou outra vez. (Marcos, 14:69-70).
Terceiro, um grupo de espectadores foi a Pedro e o desafiou diretamente dizendo: “Certamente tu és daqueles, pois és Galileu.” Então ele passou a praguejar e a jurar: “Não conheço esse homem de quem falais.” (Marcos, 14:70-71)
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Lembro do último domingo quando estava na praia com parentes e amigos, e me coloco no lugar de Pedro. Eu também neguei o Pai, talvez mais de três vezes. Não era porque alguém me acusava, mas a consciência lembrava que eu devia ser testemunha da vontade do Pai, cumprindo aquilo que Ele me determinara e eu me omitia com diversos motivos:
- Não vou desligar as músicas excitantes da turma para fazer preleções;
- Não vou interromper as piadinhas, conversas picantes e divertidas para falar das coisas sérias do Pai;
- Não vou agrupar todos que jogam bola, passeiam na praia, bebem cerveja, jogam dominó, peteca.. para falar de um Reino de Deus.
Não foi preciso apenas que um galo cantasse para eu ter a consciência da minha negação. Foi preciso mais! Foi preciso que Deus me colocasse sozinho na sala de trabalho, no momento que eu estava disposto a lhe relatar com orgulho tudo que acontecera, toda a ajuda incondicional que eu havia dado, com firmeza, a moça que precisava de ajuda, que Deus fez lembrar esse detalhe que até o momento passava despercebido na minha mente: “Tu não fostes testemunha de mim frente a teus parentes e amigos.” Pronto, caiu a ficha!!! Desabou na minha consciência toda a dimensão da minha omissão, da minha negação! Não consegui segurar o pranto!
Imaginei o que teria sentido Jesus com a negação de Pedro...
Imaginei o que eu sentiria se alguém que eu considerasse da família, que povoasse os meus pensamentos e que morasse em meu coração, chegasse a mim diretamente e dissesse: “Eu não sou da sua família!”
Acredito que se tal acontecesse, eu iria parar, pensar e acreditar que seria a mão de Deus usando seus instrumentos humanos para mostrar um pouco do que sente o coração divino com a negação!