Quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dEle os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. Jesus, porém, disse-lhes: “Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.”
Estar no templo, orar, meditar, sintonizar com as questões espirituais é uma necessidade de todos nós. Entretanto, necessário também é, sair do templo, buscando vivenciar todos os ensinamentos ali recolhidos. Jesus nos dá o exemplo, cabe a cada um segui-Lo de acordo com o entendimento particular.
Pela narrativa de Lucas (24, 1-14) esse acontecimento aconteceu após o excelente ensinamento dado por Jesus, quando da oferta da viúva pobre. Interessante observar a invigilância dos discípulos, que mesmo após o Mestre ter mostrado a eles que o importante não era o aspecto exterior das coisas, ou mesmo os valores amoedados, fizeram questão de chamar a atenção de Jesus justamente para a estrutura física do templo. É o mesmo que ocorre conosco quando, diante da oportunidade de uma lição edificante, valorizamos mais o instrumento que o veicula, do que a própria lição a ser aprendida... não atentamos para o que já dizia o apóstolo, “porque a letra mata, e o espírito vivifica.”
A frase que Lucas coloca, “Jesus, porém, disse-lhes...” muda a direção da conversa fazendo-a mais instrutiva. Parece simples, contudo temos que aprender em nosso dia-a-dia a fazer isso, pois não somos obrigados a nos envolver em questões desinteressantes ao nosso processo evolutivo, nem podemos agir de modo deseducado quando tal acontece. O Evangelho nos ensina a ser sutil, porém sem abrir mão do que já conquistamos.
Foi o que aconteceu comigo no último domingo, na praia. Deixei me envolver nas conversas e atividades frívolas dos meus convidados e não fiz a condução, por um momento sequer, para as coisas do divino. O tom de melancolia que se instalava algumas vezes em meu semblante era como se a consciência quisesse dizer que eu estava sendo omisso com o Pai, que o estava negando, com todos os argumentos de natureza material.
O bom Mestre ensina partindo daquilo que o educando consegue entender. Deste modo, Jesus salienta o exterior – “tudo isto” – porque é o que conseguimos ver, assim faz Ele, com o objetivo de mostrar o que está para lá de nossa pouca visão, pois, ao ver tudo isto que se nos apresenta de forma imediata, quase sempre estamos vendo pouco do que existe mais além.
Tudo que Jesus diz é verdade, porém quando Jesus faz o destaque: “Em verdade vos digo...” é porque há de nossa parte uma necessidade maior de prestarmos atenção no ensinamento que vem após.
É este sentido do que Jesus fala que eu procuro perceber e interpretar adequadamente. Foi a partir daí que eu cheguei a conclusão do Amor Incondicional como a maior força do Universo, que corresponde a essência do Criador e que os amores paralelos que surgem, como o amor romântico, todos a ele devem ser subalterno. A partir daí a consequência lógica é desautorizar toda norma baseada no amor romântico, como o casamento, desde que ele venha desautorizar ou impedir a livre expressão do Amor Incondicional. Por isso é importante prestarmos atenção redobrada quando o Cristo diz: Em verdade vos digo...