Enfim, fora do deserto! Não que tenha sido uma experiência torturante, pelo contrário. Foi uma experiência maravilhosa na qual consegui ter mais clareza no que Deus quer para mim. Foram 40 dias surpreendentes na minha vida, senti a presença de deus mais próxima de mim, sentimentos, emoções e pensamentos, surgiam em quantidade e intensidade como jamais. Reconheci em definitivo minha condição de criatura de Deus e como tal capacitado a ser nesta dimensão material, um dos instrumentos de Sua vontade.
Mas, apesar desses eventos surpreendentes e maravilhosos, devo viver em obediência humilde e completa à Sua vontade. Devo estar sempre atento à Sua Lei escrita na minha consciência, ter o cuidado de caminhar sempre orientado pela Ética e pela moral superior, dentro da principal regra do Amor Incondicional, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo.
Também de alguns pecados fui advertido durante a estada no deserto, como deixar de expressar a vontade de Deus, os ensinos de Jesus, no meio onde me encontrava, simplesmente por motivos materiais, profanos. Foi um tipo de negação a Deus, como aquele que Pedro fez a Jesus. Recebi o perdão, pois Deus é magnânimo, tem a essência pura do Amor, mas recebi também uma severa advertência: “A negligência do dever é forte desvio da vontade do Criador, é suficiente para a perda da meta do caminhar. Deves ter muito cuidado!”
Entendi assim que o meu caminho não implica em ter a aprovação de todos ao redor, de ter prazer e risos de forma constante entre os presentes e participantes. Entendi que devo ser a testemunha e o instrumento da vontade de Deus, e assim, mesmo sendo veículo do amor, da tolerância e da compaixão, ainda despertarei raiva e até ódio em muitas pessoas que tiverem os seus interesses materiais contrariados. Essas pessoas e as suas cargas de ódio/raiva e as ações conseqüentes, serão a minha cruz.
Mas isso não deve ser motivo de desânimo e sim de motivação, pois me colocará num nível parecido com o de Jesus, que sendo o legítimo representante da vontade do Pai, como foi reconhecido por ser o Seu filho muito amado Ele tinha a capacidade de ensinar e aplicar o Amor em toda profundidade necessária ao nosso entendimento, mesmo assim despertou tanto ódio ao seu redor que o levou a crucificação de forma tão bárbara, sob os apupos daqueles que há poucos dias o havia aclamado como Rei e filho de Deus.
Não, não deverei temer a minha cruz, e sim pedir orientação e auxílio ao Mestre, a cada momento que minhas forças fracassarem e me façam cair ao longo da caminhada, que eu tenha energia para me levantar e com obediência e humildade continuar seguindo a vontade de Deus.