Hoje é o segundo domingo da Páscoa, um momento importante para lembrar o novo mandamento que Jesus nos deixou:
“Um novo mandamento vos dou: que ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros também ameis.” (João 13:34)
Na noite de sua traição, o Senhor Jesus deu aos Seus discípulos este novo mandamento. O mundo naquele período não era diferente do que é hoje. Os sumos sacerdotes e anciãos procuravam todos os meios de destruí-Lo. O mundo era assim, cheio de ódio e egoísmo. O mundo de hoje também expressa o ódio e egoísmo de muitas formas cruéis.
É nesse cenário que o Senhor dá o novo Mandamento, não uma sugestão ou opinião. Todos os que são Seus discípulos recebem esse privilégio e responsabilidade. Ele nos ama com amor eterno e duradouro. Ser um objeto do amor divino é um privilégio. Nós recebemos isso de uma maneira pessoal, e respondemos a isso também individualmente.
A minha forma de receber a lição é de entendê-la como verdadeira e como responder a ela e de que devo a cumprir com integridade e com coerência. Sei que cada um dos meus irmãos tem uma forma distinta de ver a realidade, uma forma individual, e que assim recebe o mandamento e de acordo com seus critérios também o cumprem, obedecendo os ditames da consciência. Agora, esse fato muito me intriga, porque alguns discípulos de Jesus, que querem cumprir o seu mandamento, termina com um comportamento diferente, incoerente com o mandamento.
Vejamos alguns desdobramentos desse mandamento nas nossas relações, principalmente as relações afetivas que geram o amor romântico. Primeiro, devemos considerar que são duas formas de amar muito diferentes. O amor que consta do mandamento de Jesus, é o amor incondicional; o amor que é gerado dos desejos carnais é o amor romântico que exige a exclusividade do relacionamento, da doação do amor. Daí vem a primeira conclusão: ninguém que não consiga desenvolver o amor romântico e o deixar submetido ao amor incondicional, poderá cumprir o mandamento de Jesus. Melhor então que fique sem o relacionamento afetivo, carnal, pois o mandamento de Jesus é o que nos aproxima do Pai, enquanto o envolvimento prioritário no amor romântico nos aproxima do egoísmo que é a fonte de todos os males.
Na minha caminhada na condição de discípulo de Jesus, de filho de Deus que deseja cumprir Sua vontade, que não se deixa bloquear pelos preconceitos sociais que impedem a livre expressão do amor incondicional em todas as suas dimensões, tenho encontrado muitas dificuldades com minhas companheiras mais íntimas. Mesmo com toda espiritualidade que elas tenham desenvolvido, a essência dessa lição não é aplicada, mesmo que a razão aponte para a sua necessidade. Elas chegam a alegar a dificuldade interna de se comportarem com a fraternidade que o mandamento implica, chegam até a alegar o respeito ao livre arbítrio, a voz da consciência dentro delas que reclamam pela exclusão do irmão que não é amado.
Minha alma chora por dentro quando percebe tudo isso, pois sente que caminha sozinha nessa estrada que tenta pavimentar o Reino de Deus. Tenho dentro de mim os desejos carnais, a capacidade de desenvolver o amor romântico até o nível último da paixão, mas JAMAIS deixarei que esses sentimentos menores apesar de sua força venham obnubilar a lei maior, a lei do Amor Incondicional! É este mesmo Amor Incondicional que faz eu compreender a incoerência e incapacidade de amar conforme o mandamento de Jesus das minhas companheiras; que permite que eu continue as amando em todos os níveis, apesar de não concordar com suas ações de exclusividade do próximo. Pois mesmo que esse próximo fosse um adversário, não seria por essa condição mais um motivo para o amar com uma maior distinção? Não foi isso que Jesus quis dizer quando orientou que amássemos os nossos inimigos?