No diário do dia 23 abordei os ensinamentos do Baghavad Gita quanto a obrigatoriedade que tenho de praticar a devoção constante e imaculada a Deus, caso eu queira me aperfeiçoar espiritualmente e me aproximar dEle. Mas, que é Deus? Que sou eu? Como praticar essa devoção? São essas questões, cruciais para que eu possa agir com coerência e racionalidade.
Na primeira questão eu tenho uma boa resposta observando o que disseram os espíritos a Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos: “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.” Quer dizer que eu sou uma criatura dEle cuja inteligência suprema, a minha inteligência como subsidiária não poderá ter a pretensão de entendê-La em toda sua dimensão. É como a luz do Sol, sei que existe, sinto seus efeitos diretos e indiretos, mas não tenho condições de penetrar no seu interior e investigar seus detalhes como faço aqui na Terra. Da mesma forma que eu uso e sou dependente da luz do sol para minha existência e evolução, também uso e sou dependente da inteligência do Criador para minha existência e evolução, e sem pretensão de ir além desses limites de compreensão, como faço com relação ao Sol.
Mas, parece que se ficar somente nisso, fico um pouco insípido. Afinal a inteligência serve para a compreensão da Verdade que chega até nós. Aceito Deus como a inteligência suprema do Universo e aceito a Sua criação, mas por que Ele teve a necessidade (?) de criar o Universo e nós, humanos, dentro dele? E com essa característica própria do livre arbítrio, o qual nem Ele mesmo pode interferir? Imagino que Ele existia antes do Universo, como uma entidade não criada que é. Por que então, essa inteligência suprema criou o Universo? A razão aponta que devia existir um motivo e que esse motivo permanece até hoje. Esse motivo está dentro da Verdade Absoluta da qual minha inteligência subsidiária só consegue se aproximar com muito esforço.
Vejo que uma constante que existe no Universo e que não poderia existir antes dele, são as relações. Relações de tempo com espaço, de planetas com estrelas, de seres humanos com seres humanos... Uma grande “feira universal de relacionamentos” onde tudo progride segundo diretrizes, leis estabelecidas em tudo. Nessa evolução constante tudo parece se desenvolver segundo as diretrizes da Lei, sem contestações, até que surgiu o homem com seu livre arbítrio, e agora ele já pode sair do padrão da Lei. Em função disso sofre as consequências dos seus atos. O homem tem que usar sua inteligência para reconhecer a Verdade e se ajustar à Lei. O Criador usa os seus filhos mais avançados para dar essa lições. Deve então existir uma força sutil, mas poderosíssima que permite a evolução dos relacionamentos em todas as dimensões para ser promovida a harmonia da Natureza. A essa força posso dar o nome de Amor e por sua natureza tão intrínseca a tudo e a todos, posso identificá-la como o próprio Criador. Então posso dizer: Deus é Amor!”