Seguindo ainda os elementos envolvidos na devoção constante que devo ter por Deus, segundo o Baghavad Gita, na melhoria do meu comportamento, vou observar agora a tolerância.
Este é um aspecto devocional a Deus que consigo um bom desempenho, mesmo sabendo que ainda não sou perfeito, nem mesmo nesse único elemento. As forças do egoísmo que habitam dentro do nosso corpo, mente e coração é o principal obstáculo no exercício da tolerância. Isso porque, ela se torna necessária quando de alguma forma os nossos interesses são contrariados. Quando esperamos de alguém uma ação que nos traga benefício direto ou indireto e isso não acontece, surge a frustração que antecede a formação da raiva, e muitas vezes ideias de vingança. Nesses momentos é a tolerância que deve surgir e se contrapor a esses gigantes a serviço do Ego, do ódio, da desarmonia, da destruição. É a tolerância que surge a serviço do Amor, que entra nessa “queda de braço”.
O Ego resgata as memórias do bem que essa pessoa fez no passado para outra pessoa e que merece retribuição, do dinheiro que deu ou emprestou, do tempo que trabalhou, do filho que gerou, de um parente que cuidou, do presente que deu, do conselho que ofertou, do sacrifício que fez, da obrigação que assumiu... enfim, mil argumentos sobem para a mente e que exigem a retribuição dessa pessoa que foi tão bem atendida, respeitada e... amada? É como se surgisse uma cobrança autorizada pela justiça, de que essa pessoa retribuísse tudo que foi feito para ela. Caso essa pessoa não faça esse devido pagamento, então merece ser expulsa do convívio e até mesmo da presença, como um perigoso marginal. Isso aconteceu literalmente comigo! A tendência que tive ao sofrer tamanha intolerância, era agir da mesma forma e se assim fizesse eu assassinaria o Amor que deve ser eterno no relacionamento desde que surja.
O Amor resgata o compromisso com o Pai. Lembra que o Pai é o Criador de toda a Natureza, inclusive dos nossos corpos onde reside tanta força do egoísmo que Ele colocou para preservar a vida. Mas que nos relacionamentos essa força deve ser atenuada para não invadir os interesses da outra pessoa. Que todo o amor seja derivado do Amor Incondicional, que não exija cobrança de qualquer espécie. Mesmo que surja o Amor Romântico derivado dos interesses do egoísmo, que queira ver somente os seus interesses particulares, de sua família sanguínea, a pessoa deve ter essa clareza na sua consciência e não deixar a força romântica da paixão subjugar o Amor Incondicional, que mesmo sendo o mais forte, é o mais sutil.
O Pai me deixou com a missão de colocar na prática dos meus relacionamentos o Amor Incondicional na maior pureza que eu conseguir. Dessa forma, para cumprir a Sua vontade como é o meu desejo, a tolerância é uma forte aliada para mim. Sei que o meu comportamento ao se guiar dessa forma, vai gerar ao redor uma série de frustrações, de desejos e vontades não satisfeitas, e consequentemente muita raiva e retaliações por pessoas que não conseguem ainda desenvolver a tolerância. Cabe a mim, que já estou mais avançado nessas lições do Amor Incondicional, desenvolver a tolerância com tudo e com todos, principalmente quando surgir essas reações devido a frustração que o meu comportamento causa em tantas pessoas.
Peço a Deus que me dê forças para suportar tamanho fardo e sabedoria para agir com tolerância sempre, acolhendo e procurando atenuar o sofrimento de quem tanto me atinge na alma sem nunca perder a capacidade de amar ou de perder o amor já desenvolvido algum dia.
Este é o meu ato devocional ao Pai que estou constantemente praticando em todos os aspectos que o caminho da minha vida leva.