Os sentidos são tão fortes que estão sempre ansiosos por obter prazer. Ninguém deve curvar-se a estas exigências desnecessárias. Devem-se satisfazer os sentidos só até o ponto de manter o corpo saudável para que se possa cumprir o dever de progredir na vida espiritual. O sentido mais importante e mais incontrolável é a língua. Se alguém pode controlar a língua, então há toda a possibilidade de controlar os outros sentidos. A função da língua é saborear e vibrar. Portanto, por regulação sistemática, a língua deve estar sempre ocupada em saborear.
Até agora eu não tinha dado tanta importância a língua, como acontece no Baghavad Gita. Pensava que o sexo era de longe o sentido mais importante. Mas dando o foco que Baghavad Gita oferece, vejo que tem certa razão. Agora mesmo, ao digitar este texto, estou com a minha língua ocupada em chupar picolés, sorvete, gelo... ela não consegue ficar parada. É ela que está a serviço da gula e que representa um dos meus grandes adversários com o qual estou em constante luta, usando a jejum para me contrapor os efeitos da gula sobre meu corpo.
O Autocontrole está direcionado as exigências do corpo. Ele tem suas necessidades justificáveis, mas devido o prazer que oferece nesse cumprimento de dever, termina por entrar no abuso que pode ser observado em todos os aspectos, se tornando tal comportamento um vício, uma dependência, que termina por estragar o próprio corpo.
Não devo esquecer que o prazer que o corpo oferece para que execute determinados comportamentos, dizem respeito a sobrevivência do próprio corpo. Mas isso deve ser administrado com sobriedade, pois senão a busca por esse prazer de forma indevida termina por lesar o mesmo organismo que eu desejava preservar.
Também observo a importância desse Autocontrole nos relacionamentos afetivos. Dentro do relacionamento afetivo, romântico, existe por trás de tudo o interesse da biologia, dos gens, da reprodução e criação do filho, da segurança oferecida pelos pais. Nesse sentido a exclusividade do relacionamento é sentida dentro do amor romântico. Eu devo ter a segurança que o meu filho vai ser bem cuidado pelos pais, então tenho que exigir que nenhum dos pais se envolva afetivamente com qualquer outra pessoa, pois senão os recursos existentes irão ser divididos. É um pensamento de cunho egoísta, mas é isso que é observado, é isso que se procura cumprir, é isso que está na Lei.
O Amor Incondicional não respeita essa exclusividade do amor romântico. O Amor Incondicional se derrama por toda a natureza sem exigir condições; ama por amar! Tenho que ter o Autocontrole para não me descuidar de praticar o Amor Incondicional, mesmo que em alguns momentos isso traga prejuízo para meus interesses pessoais.