Na leitura que faço diariamente, encontrei na data de hoje este texto, no Livro Devocional de 2013 Boa Semente, com o título de “Confessar e Perdoar”, que o transcrevo literalmente:
Imagine que alguém lhe diga: “Se fiz qualquer coisa que lhe magoou, me desculpe.” Isso é confissão ou arrependimento? Não! Inconscientemente estamos declarando: “Se você é tão melindroso a ponto de se ofender com o que eu disse ou fiz, o melindre é problema seu!” Uma confissão (homologeo, ou seja, falar as mesmas palavras) exige que chamemos o que fizemos ou dissemos pelo mesmo nome que Deus o chama – ‘pecado’. Se alguém nos ofende, temos de ter certeza de que não julgamos mal a situação ou a pessoa, pois o amor sempre procura evidenciar a melhor face das palavras e ações dos outros (1Coríntios 13:7). Se houver uma prova clara e definitiva que o outro pecou contra mim, então é obrigatório que eu lhe dê uma oportunidade para contar o seu lado da história (Mateus 18:15). Porém, temos de estar preparados para a possibilidade de a ofensa ter sido uma resposta ou reação a algo que você ou eu fizemos antes. Neste caso, somos você ou eu que devemos confessar nosso erro e nos arrependermos!
Arrependimento significa reconhecer e abandonar o pecado! Temos de ser pacientes com os outros porque todos estamos aprendendo com nossos erros e, tomara!, nos corrigindo à medida que somos advertidos. No entanto, também pode haver um padrão repetitivo, o qual a pessoa “confessa” o mesmo pecado, mas não demonstra qualquer vontade de abandoná-lo ou de receber a correção devida. Se isso é algo que causa problema nos relacionamentos, com Deus e com os outros, então tem de haver intervenção de terceiros, e talvez até da assembleia (Mateus 18: 16-17).
Ganhar nosso irmão ou irmã é a prioridade mais alta! Portanto, precisamos ser prontos a confessar nossos pecados e a perdoar as ofensas que nos atingem. Não há outra maneira de se viver em comunhão, e é na comunhão que “O Senhor ordena a bênção e a vida para sempre” (Salmo 133:3).
Não consigo deixar de ficar maravilhado como Deus se faz presente em minha vida a qualquer momento e sente quando eu tenho dificuldade de expressar algum pensamento ou sentimento. Então escolhe qualquer situação, de preferência a leitura de um livro, de preferência espiritual, e passa a mensagem que eu preciso saber e anunciar. Foi assim com a leitura desse Livro Devocional. Foi o primeiro que peguei hoje pela manhã. Interessante os detalhes... sempre o primeiro livro que pego para a leitura é a Bíblia Sagrada, mas como ontem foi necessário ser lido dois capítulos seguidos dos Salmos para ser colocado neste diário, hoje não era necessária a sua leitura. O Livro Devocional era a sequencia natural!
Deus sabe que estou comprometido com Ele no sentido de aplicar Sua Lei maior, o Amor Incondicional, nos nossos relacionamentos, principalmente os afetivos com potencial de intimidade. Ele sabe como isso é difícil, desde que vivemos numa cultura dominada pelo amor romântico e suas exigências de exclusividade. Qualquer pessoa que se envolva comigo, mesmo sabendo dessa missão como foco prioritário na minha vida, sempre se deixa envolver pelo amor romântico e suas garras da exclusividade. Isso entra em conflito com meus objetivos mais profundos, pois o Amor Incondicional exige que não haja exclusividade na expressão e comunhão de qualquer tipo de amor, desde que sintonizado com a justiça, fraternidade, transparência. Quando eu me comporto sem exclusividade e divido meu tempo e meu amor com qualquer outra pessoa, aquela que ficou sozinha sofre a punhalada do amor romântico que exige a exclusividade. Temos aí dois tipos de comportamento: primeiro o amante incondicional que cumprindo a perspectiva da não exclusividade, está em algum momento, em algum lugar, integrando pessoas dentro dessa forma de amar; segundo, o amante romântico ou condicional, que sofre o efeito da solidão e da necessidade de exclusividade, e pode até pensar na falta de coerência do amante incondicional. Mas, onde está a incoerência, o erro, o pecado? O amante incondicional no momento que declara de forma transparente qual o seu objetivo prioritário, que no seu comportamento não existe a possibilidade de exclusividade, de direcionar o amor para uma única pessoa, deixa bem claro qual o limite da convivência harmônica no seu modo de pensar. A pessoa tem todo o direito de pensar, avaliar e decidir se isso satisfaz também os seus propósitos, pois caso contrário não pode querer uma intimidade com ninguém que possa gerar conflitos na sua essência de vida. Estamos assim no campo das avaliações, ponderações para partir para uma decisão. Nada está escondido e isso é importante, fundamental! Nem o amante incondicional pode se comprometer em amar com exclusividade, sabendo que não pode fazer isso, nem o amante romântico pode se comprometer a amar sem exclusividade sabendo que não pode cumprir isso. Observamos assim que existe uma profunda incompatibilidade nessas duas formas de amar, entre esses dois tipos de amantes.
Na minha experiência eu observo que a maioria das mulheres não aceita esta forma de amar incondicional, sem exclusivismo. Preferem me ter como amigo, no máximo, pois em muitas delas a sentimento de rejeição quando sabem que estou com outra, termina por gerar raiva e até ódio. As poucas que aceitam essa convivência, não conseguem se libertar das garras do exclusivismo do amor romântico. Ficam sempre numa postura de antagonismo uma com as outras, com sofrimento nos momentos que está só, com ciúmes gerados por mínimas circunstâncias. Como eu posso chegar para uma pessoa dessa e dizer “me desculpe, se fiz algo que te magoou” se o que fiz está dentro dos meus princípios de vida? Como é que eu faço uma revisão do meu comportamento para ver se existe a coerência, se tudo que eu fiz está dentro do que desde o início foi advertido que poderia acontecer? Como posso me arrepender e abandonar o pecado se o que eu faço é colocado na minha consciência como a vontade de Deus? Por acaso, se eu quisesse seguir a minha vontade humana, animal, não seria melhor ter ficado até hoje com minha primeira esposa, no aconchego dos filhos, construindo um belo patrimônio material, curtindo o sexo sem compromisso com todas que se oferecessem ao meu assédio? Ao invés de viver sozinho, num apartamento de um só quarto, com tanto trabalho a ser realizado tanto no campo material quanto no campo espiritual? Se eu pensasse somente em mim, seria uma tremenda incoerência a situação em que me encontro. Só encontro coerência quando entendo que a minha vida, não é um projeto meu. É um projeto de Deus do qual eu aquiesci dentro do meu livre arbítrio.
Com relação as mulheres que aceitam se envolver com esse projeto que Deus colocou em minha consciência, e que sofrem pelos efeitos do amor romântico, a leitura do texto traz grande lição. Se o pré-requisito para viver comigo é rever a força do amor romântico e o deixar submetido ao amor incondicional, se não conseguem fazer isso e se comportam de forma reativa, agressiva e antagônica, naturalmente vão se distanciando do processo, da convivência, pois cada reação no sentido conflituoso afasta o amante incondicional cuja essência é a harmonia. O texto lembra que pode haver um padrão repetitivo no qual a pessoa confessa a intenção de mudar determinado comportamento, mas não demonstra qualquer vontade (fora dos olhos do amante incondicional) de fazer isso ou de receber a correção devida. Essa é a causa do problema no relacionamento, que pode ser necessária a intervenção de terceiros e talvez até da assembleia, da reunião de amigos, da reunião de parentes.
O texto termina com a prioridade mais alta para com Deus: ganhar o nosso irmão ou irmã. Para isso é preciso estar prontos a confessar nossos pecados e a perdoar as ofensas que nos atingem. Não há outra maneira de se viver na comunhão, e é na comunhão que o Senhor nos quer como seus filhos.