Retomando as diversas formas de devoção a Deus orientado pelo Baghavad Gita, devo tentar compreender o sofrimento de aceitar a passagem do tempo na forma de nascimento, morte, velhice e doença. A literatura hindu descreve de maneira analítica o mundo do não nascido, sua estada no ventre da mãe, seu sofrimento, etc. Deve-se ter completa compreensão de que o nascimento é angustiante. Porque nos esquecemos de toda a aflição que passamos dentro do ventre da mãe, não nos interessamos em procurar alguma solução para os repetidos nascimentos e mortes. Igualmente, por ocasião da morte, há todas as espécies de sofrimentos, e eles também são mencionados nas escrituras autorizadas. Deve-se comentar sobre isto. E quanto a doença e a velhice, todos tem experiência prática. Ninguém quer ficar doente e ninguém quer envelhecer, mas não há como evitar isso. A não ser que tenhamos uma visão pessimista dessa vida material, considerando os sofrimentos próprios do nascimento, da morte, da velhice e da doença, não haverá ímpeto para progredirmos na vida espiritual.
Esta forma constante de devoção a Deus, essa compreensão dos efeitos da passagem do tempo, é de grande utilidade para a minha evolução espiritual. Hoje eu compreendo e aceito todo esse sofrimento advindo da passagem do tempo e sinto também que é atenuado muito desse sofrimento com essa compreensão. Hoje eu sinto a passagem do tempo e seu efeito sobre o envelhecimento, por exemplo, e não percebo sofrimento por isso. Percebo a transformação que ocorre lentamente no meu corpo, a sua perda de flexibilidade, de tonicidade, de vigor físico, mas por outro lado a excelência dos pensamentos que se aprimoram, amadurecem e se capacitam a receber grande porção da verdade universal e agir com um pouco mais de sabedoria.
Quanto a doenças, não conseguirei evitar a maior parte delas que acompanham até mesmo o processo de envelhecimento. Mas posso evitar algumas delas com o uso adequado de vacinas e de bons hábitos de vida. Até hoje não sinto a necessidade do uso de medicamentos de forma constante, como tantos com a minha idade já estão fazendo.
A proximidade da morte para mim já não constitui tanto medo e sofrimento quanto antes. Hoje eu sei que esse fenômeno é um importante fator para a continuidade da vida em outros planos, até mais significativos e importantes que este plano material em que nossa consciência está hoje profundamente mergulhada. Sei que o amor é a energia fundamental de todos os planos de vida e que eu já aprendi bastante sobre ele e que já estou capacitado em recebê-lo e doá-lo constantemente dentro da dinâmica da Natureza e em obediência aos planos divinos.
Assim, consigo fazer essa devoção a Deus no meu cotidiano sem grandes esforços e com belos resultados, no entendimento do sofrimento necessário por ocorrência da passagem do tempo e da perspectiva saudável da evolução da vida ao longo da cronologia e dentro de todos os planos que a vida oferece.