Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
27/05/2013 23h59
CONFISSÃO E PERDÃO

            Há muitas interpretações erradas sobre confissão e perdão. Certa vez um grupo de prisioneiros estava estudando o que a Bíblia ensina sobre dizer a verdade ao juiz e ao júri. Um olhar preocupado surgiu no rosto de um deles, que perguntou: “Mas Deus não perdoa?”. Ele acreditava que poderia mentir ao juiz, conseguir a liberdade e depois acertar as contas pedindo a Deus que o perdoasse! E não é só ele que pensa assim!

            Este mesmo prisioneiro reclamou: “Eu confessei o meu crime ao Senhor. Por que Ele não me tira daqui?”. Embora confessemos nossos pecados e sejamos restaurados pelo Senhor, as consequências do que fizemos permanecem – às vezes – até o fim de nossas vidas. Deus nos perdoa e restaura nossa comunhão com Ele mesmo, porém, Sua palavra continua valendo: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7).

            E por mais que não gostemos, é preciso confessar também àqueles contra quem pecamos. É muito mais fácil confessar a Deus, pois Sua reação é de graça pura! No entanto, o Senhor nos ensina a importância de acertarmos as contas com os que foram prejudicados por nós (Mateus, 5:23-25).

            O pecado ergue barreiras altíssimas entre nós e Deus e entre nós e os outros. Quando confessamos, arrependidos, as barreiras podem ser removidas e a comunhão retomada.

            Sei de casos assim onde barreiras altíssimas foram geradas entre pessoas que conhecem a fundo a palavra de Deus, aceitam Jesus como o Mestre principal de suas vidas e acreditam que possamos construir o Reino de Deus na Terra. No entanto cometeram os seus pecados e não conseguem confessar com honestidade o mal que fizeram, nem a Deus cuja reação é de graça pura, quanto mais ao próximo que está cheio de ressentimentos. E não adianta muito a convicção de construir esse Reino de Deus, se dentro de si existe uma mácula que não foi removida. Ela sempre vai gerar reações negativas que afasta cada vez mais o cristão de seus objetivos espirituais.

            Eu mesmo tenho que fazer uma reflexão bem mais profunda sobre as causas que geraram tão forte reação em minha última esposa que a fez me expulsar de casa sem nenhuma consideração. Na minha avaliação e dentro dos meus princípios, eu não encontro nenhuma ação pecaminosa contra a Lei de Deus ou às minhas convicções. O fato que gerou o comportamento dela, de eu não ter ficado com o nosso filho a noite no momento de sua comemoração por ter passado no vestibular, foi o grande crime que aos olhos dela eu cometi. Mas o meu senso de justiça era quem estava em ação naquele momento, pois eu decidi encontrar com a minha filha junto com outra mulher, filha essa que não podia nem telefonar para a minha casa para falar comigo ou com o irmão e que desejava saber de sua vitória. O meu senso de justiça à mando do Amor Incondicional me “ordenou” para que eu fosse encontrar com essa filha a noite e deixasse o filho com sua mãe e demais parentes nos seus festejos noturnos, já que durante o dia eu havia participado dos festejos imediatos com eles, mesmo com o coração partido, por sentir o peso dessa injustiça causado pelos preconceitos sociais. Eu me sentiria um verme se não tivesse agido dessa maneira, teria me sentido um covarde por me submeter as imposições dos preconceitos sociais e culturais sem observar a Lei de Deus que está impressa em minha consciência.

            Mas, tenho que considerar também os motivos que a levaram agir assim. Sei que ela tem uma forma de pensar diferente da minha e que nos inviabiliza enquanto marido e mulher. Até a forma de vivermos como companheiros, como amigos, que tentamos durante oito anos sem aproximação íntima, terminou sendo inviável como aconteceu. No entanto eu não posso tirar dessa reação que ela apresenta o peso da minha responsabilidade, pois eu deveria ter sentido o mal estar que ela tinha em ver que eu não deixaria de ser quem eu sou, de cumprir uma tarefa que acredito superior, e deveria ter procurado viver sozinho como agora eu estou. Então, esta é a minha culpa, por não querer perder a satisfação de conviver com ela, terminei por gerar uma situação explosiva cujas consequências existem até hoje e pode ser para sempre, como as lições do Mestre ensinam. Tirei desse fato uma grande lição: não devo conviver com mais ninguém que não tenha a plena convicção de que faço a coisa certa e que está disposta intimamente a viver dessa maneira, sem nenhum vestígio de ressentimento pelas ausências e pelo amor que possa ser distribuído com outras pessoas.

            Com a minha ex-esposa ferida eu tenho ainda uma missão: pedir perdão pelo fato de ter convivido com ela esses oito anos e ter gerado tão fortes ressentimentos por minha maneira de agir, por distribuir com outros o amor que ela não permitia e que entendia ser somente seu; por não ter tido a coragem de bem mais cedo ter saído de casa para viver o meu destino sozinho. Já consigo pedir a Deus perdão por essa falta cometida, peço isso com todo o fervor e honestidade dentro da alma. Sei que o Pai perdoa, pois Ele é toda graça, mas devo cumprir as consequências do meu pecado, o que semeei durante oito anos, cujos frutos agora é não me aproximar como quero e como é preciso do meu filho, do meu cão e dela mesma, minha querida ex-esposa. Sei também que não basta pedir perdão ao Pai que é toda graça e sempre está a me acolher, perdoar os meus erros e me dar forças para tolerar as consequências. Sei que é preciso pedir perdão também a ela! Devo sentir dentro do coração o peso do que fiz de errado e chegar perto dela com habilidade para não machucar tanto suas feridas e pedir o perdão das minhas faltas. Não quero que esse abismo que foi criado entre nós exista para sempre!

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/05/2013 às 23h59
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