Hoje foi o aniversário da minha irmã, completou 54 anos, se não me engano. Fizemos uma reunião com 22 pessoas para ler uma passagem da vida de Jesus e fazer uma reflexão. Jesus sempre se reunia na casa de Pedro à noite, com os amigos, depois de suas tarefas diurnas. Nessa noite Jesus foi interpelado pela sogra de Pedro que perguntava o que viria a ser a vida no lar. Ela se queixava de que iniciava uma tarefa entre flores para encontrar depois pesada colheita de espinhos. No começo era a promessa de paz e compreensão, mas logo surgem as pedras, dissabores...
Jesus observou que a sogra do seu primeiro discípulo estava emocionada até as lágrimas e deu pressa em responder. “O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da humanidade.”
Aproveitou o Mestre a ocasião para dar um exemplo prático como Ele sempre gostava de fazer. Perguntou então a senhora, o que ela fazia com as lentilhas ou com os feijões, antes de servi-las à refeição. Ela respondeu, meio escabreada com tão obvia resposta: “naturalmente, Senhor, eu os levo ao fogo para que sejam cosidos. Depois devo temperá-las tornando-os agradáveis ao sabor.”
Então Jesus explicou onde queria chegar: “Há também um banquete festivo na vida celestial, onde nossos sentimentos devem servir à glória do Pai. O lar, na maioria das vezes, é o forno preparador. O que nos parece aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual. O coração acordado para a vontade do Senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque somente aí, de encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições. Nunca notou a rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume; à noite, desaparece... O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.”
A sogra de Simão escutou, atenciosa, e ponderou: “Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem; no entanto jamais aprendem.
O Cristo pousou na interlocutora os olhos muito lúcidos e tornou a indagar: “Que fazes das lentilhas e feijões que não cedem à ação do fogo?”
Ela respondeu de imediato: “Ah! Sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do comensal descuidado e confiante.”
Então o Mestre concluiu a lição da noite da seguinte forma: “Ocorre o mesmo com a alma rebelde às sugestões edificantes do lar. A luta comum mantém a fervura benéfica; todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros do nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da Natureza.”
Que magnífica lição! Compreendemos assim que todos os conflitos que existem em nosso lar, têm uma função educativa para nossos próprios espíritos. E que aquelas pessoas que não se tornam amaciados pelo calor do forno, devem ser lançados fora para não atrapalhar a delícia do banquete.