Tenho também comigo, na consciência, além da missão de aplicar o Amor Incondicional em todas as circunstâncias de minha vida, o propósito de divulgar a Palavra de Deus principalmente entre meus pares, as pessoas da Academia, revestidas da sabedoria humana, dos avanços da ciência, dos recursos tecnológicos. Da mesma forma que tenho dificuldade de entre parentes e amigos falar da Palavra de Deus, também sinto enorme dificuldade de fazer isso com os meus pares. Não é que eu tenha vergonha de falar da minha fé, é que não encontro uma forma que não agrida a “sabedoria” deles, que mostre a superioridade da Palavra de Deus sem causar humilhação na enorme ignorância sobre a Verdade que todos imaginamos possuir.
Dessa forma eu procuro inspiração nos trabalhos de evangelização de Paulo pelo mundo. Os ídolos atenienses, berço da cultura ocidental, despertaram em Paulo um profundo e arrebatador zelo pelo nome de Deus. Por isso ele discutiu na sinagoga e no mercado com todos que estavam lá. Então, alguns filósofos estoicos e epicureus começaram a questioná-lo. Aí entra a primeira lição, a versatilidade de Paulo ao compartilhar o Evangelho com diferentes tipos de pessoas. Seu diálogo com os filósofos fez com que ele fosse convidado para uma reunião no mundialmente famoso supremo concílio de Atenas, o Areópago.
Tomando a palavra, Paulo usou como ponto de partida um altar que havia encontrado com a inscrição: “Ao Deus desconhecido”, propondo anunciar-lhes esse Deus que eles adoravam, mesmo sem conhecer. Paulo então o apresentou como o Criador do universo, o Senhor dos céus e da terra; como aquele que dá sustento a todos, portanto não tem necessidade de nada; como o soberano das nações, aquele que determina o tempo e os lugares; como o Pai dos seres humanos, de quem somos descendência (nas palavras do filósofo estoico Aratus); e como o Juiz do mundo, que não levou em consideração a ignorância do passado, mas que agora ordena a todos, em toda parte, que se arrependam. Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou, ressuscitando-o dentre os mortos. Ao ouvir isso, alguns deles zombaram, outros creram.
O que mais impressiona nesse exemplo de Paulo é a abrangência de sua mensagem. Ele proclamou Deus em sua plenitude, como Criador, Sustentador, Soberano, Pai e Juiz. Tudo isso é parte do Evangelho, ou, no mínimo uma introdução necessária ao Evangelho. Muitas pessoas têm rejeitado o Evangelho não por entenderem que ele é falso, mas por considerarem sua mensagem trivial. Elas estão a procura de uma visão de mundo integrada, que faça sentido à sua experiência de vida.
Paulo ensina que não podemos pregar o Evangelho de Jesus separado da doutrina de Deus, ou falar da cruz sem falar da criação, ou da salvação sem o juízo, e vice-versa. O mundo atual precisa de um Evangelho mais amplo, um Evangelho pleno de sua aplicabilidade dentro do pragmatismo moderno.
Esta é a minha tarefa com os meus pares. Adaptar a linguagem e sabedoria da Palavra de Deus aos conteúdos acadêmicos que nós possuímos. Mostrar que assim como os gregos tinham um altar ao Deus desconhecido que eles nem mesmo consideravam ou sabiam do seu conteúdo filosófico, também temos na atualidade dentro dos nossos hospitais as diversas capelas pelas quais passamos por elas sem um pingo de reverência ou reconhecimento ao conteúdo cognitivo que elas podem oferecer. Sei que ao fazer assim estarei jogando a semente da verdade nos terrenos de diversos corações e que nem todos irão deixar germinar. Mas tenho que cumprir a minha tarefa de semeador e até de jardineiro, caso exista a possibilidade de cuidar do terreno, de adubar e retirar suas pedras.