Desde ontem, após o jantar solidário que participei, alguma coisa espetava a minha consciência, mas eu não conseguia identificar o quê. Pensava até em fazer esse diário às primeiras horas do dia, mas não consegui... afinal, não consegui fazer nada, nem leitura, nem oração, nem meditação... bem meditação, até que tentei, mas a minha mente estava um tanto quanto nebulosa.
Hoje ao acordar com o despertador à 06 horas, fui percebendo à medida que a mente clareava com o clarear do dia, o que espetava a minha consciência: o aguilhão do pecado! Não é que eu tenha feito nenhuma ação pecaminosa, mas por omissão pequei gravemente!
Eu tenho gravada em minha consciência uma missão dada pelo Pai, de colaborar na construção do Seu Reino com a aplicação do Amor Incondicional em todos os relacionamentos, em todos os momentos que eu tiver oportunidade. Com essa compreensão eu deveria me sentir ungido pela graça de Deus e me portar como um bispo, um pastor no meio das ovelhas, das pessoas que carecem por uma melhor compreensão desse Reino que é a vontade do Pai e que foi a missão de Jesus nos ensinar como alcançar com as primeiras letras.
Então, eu deveria ir para essa reunião, não preocupado com o tempo que se fazia chuvoso, com os perigos da estrada... poderia até pensar nisso, mas não poderia esquecer a minha responsabilidade maior junto ao Pai. Deveria ter escolhido um livro espiritual para leitura de um texto e abrir para fazer as devidas reflexões sobre nosso papel na Terra enquanto filhos de Deus.
Nada disso aconteceu! Fiquei plenamente envolvido com frivolidades, participando das tiradas irônicas e lascivas capitaneadas pelo meu irmão biológico e desperdiçando todo um tempo precioso para falar do Reino de Deus. Mesmo que eu tenha esquecido de levar uma leitura específica, mas eu tinha dentro do carro o livro que o Pai já havia me orientado, O REINO DE DEUS. Bastava ir até lá o trazer e ler o primeiro capítulo que fala justamente da Tolerância, o que o Pai está tendo em excesso comigo. Fui até o carro sim, em busca de algum jogo que pudesse animar mais ainda a nossa festa com os aspectos mundanos.
O mais grave de tudo isso, existiam três pessoas que demonstravam claramente a não sintonia com o nosso tipo de alegria. Uma criança e uma adolescente que logo saíram para outro local da casa onde pudessem se envolver com outras atividades. Certamente o Anjo da Guarda delas as intuiu quanto a isso, nada de construtivo existia em nossas conversas e piadas que fossem edificantes para uma evolução saudável. A outra era uma senhora que não se deixava envolver com as ironias e gracejos de duplo sentido entre “movimentos” e “higiene mental”, logo pediu para ir embora e foi considerada como uma “velha chata”, mais ou menos assim, por meu irmão biológico, o capitão da animação no jantar.
Com essas reflexões consegui perceber a dimensão do meu erro em minha consciência. Somente a tolerância magnânima do Pai e compaixão infinita por minha imensa fraqueza, é que me sinto perdoado por Ele e incentivado a aplicar o auto-perdão. Mas isso não impede de sentir na consciência a dor do aguilhão cada vez que penso no erro. É claro que o meu irmão biológico era o convidado especial para aquele jantar, mas eu também sabia que era um convidado importante, e que se eu não fosse o jantar não seria realizado. Afinal fui eu que ajustei toda a programação de partida e de chegada, que levei e trouxe todos os convidados. Então eu era um convidado também importante. E mais importante ainda porque tinha um mandado de Deus e que deveria ser aplicado na ocasião. Todas as pessoas que estavam presentes não iriam se recusar em ouvir e refletir por um momento na palavra de Deus, inclusive as três que se sentiram deslocadas, excluídas... logo eu que defendo tanto à inclusão! Acredito que até mesmo o meu irmão biológico não iria se opor, pelo contrário, iria se beneficiar, pois ele também é uma ovelha querida pelo Pai, que precisa saber dos seus conselhos, que por onde ele anda pouca oportunidade tem de ouvir essas mensagens do Pai, e eu como o “Pastor ungido” pelo Pai me esquivei, inconscientemente de minha responsabilidade, ficando como que hipnotizado pelos risos recheados de lascívia onde os apetites carnais das promessas do sexo se misturavam com os apetites da fome que no momento estavam sendo saciados.
Pensei também em Jesus e nas tentações que sofreu no deserto. O demônio oferecia para o Mestre todas as delícias e prazeres desse mundo, mas Jesus com serenidade dizia o que era mais importante, de fazer a vontade do Pai e que não só de pão vive o homem! Esqueci completamente! Esqueci que vivemos constantemente sendo tentados por todas as circunstâncias ao redor, inclusive por pessoas que nos amam, inclusive parentes os mais próximos! Esqueci tudo!
Mas lembro agora a advertência de Jesus: orai e vigiai! Por que não fiz uma oração ontem antes de sair de casa? Apenas falei para o Pai, como se Ele estivesse sentado na sala assistindo televisão: “Pai, proteja a minha casa e os meus caminhos enquanto vou para um jantar”. Isso é uma oração? Estou querendo fazer de Deus um empregado das minhas vontades e desejos?
Não, tenho que orar de verdade!