Voltando aos aspectos da devoção constante a Deus, propostos no Baghavad Gita, desenvolveremos hoje a ideia da devoção constante ao próprio Deus. É a este Deus, força máxima e inteligência suprema do universo, deveria ser a devoção mais praticada, mas comigo não acontece assim. Talvez por eu ter tomado a consciência da verdadeira natureza de Deus, aquela que se adéqua melhor ao meu raciocínio, à minha exigência crítica, somente agora há pouco tempo. Até mesmo as minhas rezas decoradas tiveram outra compreensão, que a ligação que eu tinha com Ele era algo mecânico, robotizado, não entrava na dinâmica da minha vida.
Hoje eu adquiri essa melhor compreensão de Deus e quando o Baghavad Gita coloca essa devoção constante a Ele como uma prática diária que devemos ter, eu compreendo perfeitamente a sua importância. Porém fico admirado como essa prática ainda está distante desse nível que o Baghavad Gita coloca, de uma devoção constante e imaculada de Deus. Se eu conseguisse colocar num gráfico o tempo que eu passo pensando em Deus na rotina de minha vida, acredito que ficaria abaixo dos 5%. Sem falar ainda da qualidade de “Imaculada” que o Baghavad Gita acrescenta. Então estou muito aquém do exigido.
Posso agora mesmo tomar a decisão de a partir de agora dedicar o máximo do tempo a esta devoção constante e imaculada de Deus, mas eu acredito que não poderei cumprir com esse nível de exigência. Se até mesmo a oração que é uma coisa mais pontual, que exige pelo menos duas vezes no dia, um pequeno período de tempo, eu não consigo realizar a contento! Mas pelo menos eu poderei agora prometer me esforçar para aumentar mais tempo para essa prática, mesmo que eu consiga alcançar apenas mais alguns pontos além dos 5%, coisa que até mesmo duvido que já esteja nesse nível. Mas enfim, me esforçarei para olhar o mundo de forma diferente, de ver tudo o que eu via antes com a participação de Deus em cada detalhe da Natureza, em cada comportamento, em cada sentimento. É uma coisa estranha, eu sei, pois olho agora para além da janela do meu apartamento, vejo o mar à distância e as pessoas mais próximas caminhando no calçadão... Mas como colocar Deus em cada aspecto dessas minhas percepções? Até consigo fazer com os aspectos macros da natureza, o mar, o vento, as ondas, as estrelas... Posso colocar Deus em todas elas. Mas com relação ao ser humano, por exemplo, é tão mais difícil ver Deus naquela pessoa que está se intoxicando de cachaça na mesa da barraca, aquele que já vai cambaleando e semi-nu para destino ignorado, aquela que desfila a espera de clientes para o sexo... É bem mais difícil ver Deus de forma imaculada nessas circunstâncias, a minha mente se associa aos meus preconceitos e instintos e fica a imaginar ideias de repulsa ou aproximação, mas um tanto longe, muito longe de encarar eles como reflexos de Deus.
Meu Deus, como tenho que aprender!