Osho (11-12-31 – 19-01-90) , um místico indiano que dizia que estava ajudando a criar as condições para o nascimento de um novo tipo de ser humano, registrou para o livro “Osho todos os dias – 365 meditações diárias”, na 81ª meditação, o seguinte sobre a Reverência:
Não há necessidade de ir à igreja, ao templo ou à mesquita; onde você estiver, seja bem-aventurado, e o templo estará presente. O templo é uma sutil criação de sua própria energia. Se você for bem-aventurado, criará o templo à sua volta.
Nos templos praticamos falsidades, nos templos oferecemos flores que não são nossas; nós as emprestamos das plantas. Nas plantas, elas já foram oferecidas a Deus e lá estavam vivas; você as matou, assassinadas, e nem mesmo se sente envergonhado.
Tenho observado. Particularmente na Índia, as pessoas não pegam as flores de suas próprias plantas; elas as apanham dos vizinhos, e ninguém pode impedi-las, porque este é um país religioso e elas estão apanhando as flores para propósitos religiosos. As pessoas acendem luzes e velas, mas essas não são delas; as pessoas queimam incenso e criam fragrâncias, mas tudo é emprestado.
O templo real é criado pela bem-aventurança, e todas essas coisas começam a acontecer por conta própria. Se você for bem-aventurado, descobrirá que algumas flores são oferecidas, mas essas flores são da sua consciência; haverá luz, mas essa luz é de sua própria chama interior; haverá fragrância, mas essa fragrância pertence a seu próprio ser. Essa é a verdadeira reverência.
Concordo plenamente com Osho, é uma plena hipocrisia ir para o templo e ter contato com Deus, mas com o coração cheio de impureza, com as mãos manchadas pelo assassinato da Natureza, os lábios rubros pela língua ferina no ataque sem compaixão aos semelhantes, até as pessoas queridas, com os pensamentos encardidos pelo ciúme, ódio, maledicências e intolerância... sem pensar em mudar tão odioso pensamento e comportamento. Mostram-se para todos como uma pessoa religiosa e caridosa, conduzem o livro sagrado debaixo do braço, levam flores, acendem velas, se ajoelham e até rezam o “Pai Nosso”... mas nada dos ensinos cristãos são praticados! Podem enganar a todos que as veem à distância, mas já não conseguem enganar a quem convivem e muito menos a Deus que sonda nossos corações.
Mas nós temos responsabilidade de termos reverência a Deus em qualquer lugar que estejamos, principalmente nos templos. Uma reverência honesta, com pensamentos, palavras e ações. Onde estejamos que sejamos bem-aventurados, como o Cristo nos ensinou no Sermão da Montanha, que possamos oferecer as flores da nossa consciência, a luz da nossa chama interior e a fragrância do nosso próprio ser, até mesmo na presença dessas pessoas hipócritas, pois, afinal, podem muito mais ser vítimas das circunstâncias da vida que viveram e que vivem, do que pessoas essencialmente malvadas.
Eu quero ser assim, onde eu estiver que eu seja o templo de Deus, que eu possa sempre ser bem-aventurado como o Cristo ensinou; assim eu me esforço, assim eu peço a Deus. Mesmo na presença de pessoas que me ferem ou que ferem as pessoas que eu amo, que eu seja sempre como o sândalo, que perfuma o machado que o fere. E que seja capaz de conjugar na prática toda a beleza da oração de São Francisco: onde houver ódio, que eu leve o amor...