Neste dia é comemorado a cada ano o nascimento de João Batista, aquele que veio antes para anunciar a vinda do Mestre, Jesus. É feita uma fogueira em cada casa sintonizada com essa informação, pois foi assim que o nascimento de João foi sinalizado, acredito...
Nos dias atuais continuamos a acender as fogueiras acrescidas de diversas outras atividades associadas: comidas típicas, adivinhações, bandeirinhas, balões, danças, fogos e rojões.
Sei um pouco da vida desses personagens, dos seus propósitos, aceito Jesus como o meu Mestre e modelo na condução da minha vida; na viagem que fiz para o interior, casa de parentes, sabia que iria me defrontar com os meus objetivos espirituais e os desejos materiais, tendo ao redor uma plateia que, mesmo ignorando os meus objetivos espirituais, estariam todos influenciando de uma forma ou de outra, positiva ou negativamente.
Vou falar hoje da falta que cometi e em função disso recebi um “cartão amarelo”, que em futebol significa uma advertência, pois da próxima vez uma punição se fará sob o ato de infração.
A falta que cometi foi sobre o pecado da gula. Todas as pessoas que nos receberam se esmeraram em providenciar o melhor que podiam para nos atender. As aves eram os pratos especiais: guinés, galinhas caipiras e até marrecos, estavam a nossa disposição. Apesar de muita gente a comida era o suficiente. Mesmo eu procurando ser educado e não exagerar no meu prato, via que a comida estava ali à minha disposição e que todos já estavam entregando seus pratos satisfeitos. Mas a minha gula estava assanhada e meu espírito ficou hipnotizado, nem se preocupava com consequências, queria só atender o desejo do meu apetite. Finalmente foram limpas as panelas de guiné, de marreco, de galinha com minha forte contribuição.
Fomos para o hotel onde ficamos hospedados e voltamos a noite para o sítio, acender a fogueira e comer os pratos tradicionais de milho, canjica, pamonha, milho assado, milho cosido... não consegui comer mais nenhum caroço de milho, sentia que não existia espaço, além daquele necessário para água de matar a sede. Senti a falta dos fogos, das danças, das adivinhações ao redor da fogueira. Mas ao chegar no hotel foi que eu percebi o que estava reservado para mim. Tudo isso que eu senti falta no sítio iria encontrar no quarto do meu hotel. Primeiro a adivinhação, já quando eu ia chegando no hotel, eu já estava adivinhando que eu iria pagar alguma coisa pelo exagero, pelo pecado da gula que eu cometi. Ao entrar no banho percebi que meu estômago estava bem dilatado, não só pela quantidade de comida que ele recebeu, mas principalmente pela quantidade de gases que formou. Então começou o festival de fogos que eu fazia o máximo para abafar dentro do pequeno espaço do banheiro que logo era seguido pelo rojão do excesso de alimento que agora processado como se fosse num moinho saia na forma de traques, em jatos intermitentes. Quando me senti aliviado fui para a cama higienizado e perfumado pensando que iria dormir o sono dos justos. Mero engano, faltava a dança. Durante toda a noite eu repetia os passos que se tornaram bem cadenciados. Sentia os gases se formando e prestes a soltar os fogos, corria para o banheiro para ninguém os ouvir e também soltar os rojões que sabia que vinha os acompanhando. Logo em seguida ia para o chuveiro, novo banho, nova higienização e voltava para a cama limpo e perfumado. Em seguida nova formação de gases e tudo se repetia. Assim foi durante toda a noite... Ainda assim tenho a agradecer, pois não vinha acompanhado de cólicas, eu não sentia dores físicas, apenas as dores morais que agora compartilho com você, caro leitor, torcendo que você absorva o exemplo como lição para não repetir o mesmo erro frente as exigências da gula.