26/06/2013 00h53
AMOR E PROTEÇÃO
Na minha jornada pelo caminho que Deus me indicou, observo uma consequência dolorosa para aquelas que caminham ao meu lado, as minhas companheiras, principalmente: a falta de proteção! Parece algo paradoxal, como o amante incondicional deixa desprotegido aqueles que ama. Mas eu tenho uma explicação. Ao optar por seguir o amor incondicional ao invés do amor romântico, eu optei pela inclusividade ao invés da exclusividade. Aí está a chave. Se eu tivesse permanecido dentro da obediência à lei do amor romântico, eu obedeceria com rigor a exclusividade do ato de amar para a minha família nuclear e para eles estaria garantida toda a segurança que eu pudesse proporcionar. Ninguém poderia se queixar de mim nesse sentido. Mesmo que algo de grave pudesse acontecer, como acontece, mesmo com famílias virtuosas que funcionam na base do amor romântico.
No entanto, eu fiz uma opção consciente pela inclusividade do amor, pela não exclusão e logo em seguida vim perceber que fazia parte do amor incondicional e atualmente tenho a consciência que esta é a tarefa que Deus destinou para mim: aplicar o amor incondicional nas relações humanas, principalmente as afetivas, sem bloqueios, até a intimidade se for possível e conveniente a essa lei. Como a inclusão de amar outras pessoas implica em algum tempo gasto com elas, a consequência é que, quanto mais pessoas são incluídas, menos proteção presencial eu poderei oferecer. As pessoas amadas assim por um amante incondicional, podem ficar maravilhadas com a qualidade do amor que recebem no pequeno tempo que dispõe com esse amado. Merece reflexão por parte dessa pessoa amada se esse pequeno tempo de amor compensa tão grande espaço de falta de proteção presencial. Essa mesma reflexão é feita pelo amante incondicional que não deixa de sentir todo o sofrimento de suas pessoas amadas pela falta que ele faz a elas. Esta é uma das cruzes que ele entende ser preciso carregar para cumprir a vontade que o Pai lhe destinou.
Porém as pessoas amadas podem ter outra compreensão, afinal esse tipo de sofrimento pode muito bem não ser o que o Pai deseja para elas. Eu não posso responder por elas. Cada uma tem uma consciência, um coração, uma mente. Cada uma delas sabe que também é filha do mesmo Pai e que Ele quer que cada um dos seus filhos seja feliz. Então, se a consciência de alguma delas diagnostica que não é possível viver feliz com tal sofrimento, é necessário então o rompimento de tal relação. Isso já aconteceu comigo em diversas ocasiões e somente Deus sabe o quanto sofri e ainda sofro com esse tipo de rompimento. Mas reconheço que minhas companheiras assim fizeram por não suportar tal sofrimento e que eu, como não reconheço erro na determinação do Pai que me destinou esse comportamento como minha missão, não posso corrigir um milímetro sequer dessa rota. Portanto, todo esse sofrimento, tanto das pessoas que me abandonaram de forma raivosa, até violenta, e daquelas que permanecem ao meu lado, constituem a mais pesada cruz que tenho sobre meus ombros.
Como é que eu, o amante incondicional que quer ver o bem estar e a felicidade de todos, termino por causar tanto sofrimento justamente naquelas pessoas que mais me amam? É o grande paradoxo de Deus que sei um dia Ele me dará a sabedoria suficiente para que eu possa explicar convenientemente. Enquanto isso tenho que seguir o meu desiderato: amar, amar, amar... a todas que o Pai permitiu surgirem na minha vida, as que tentam conviver comigo como companheiras, e aquelas que o Pai ainda irá fazer surgir na vida que Ele me deu.
Minhas queridas, saibam que sou solidário com seus sofrimentos, que as lágrimas que vocês deixam cair fazem sintonia com as minhas apesar da distância, apesar da solidão em que possamos estar mergulhados, ou não! Talvez seja esse o preço que tenhamos de pagar: um minuto de amor perfeito, por um milhão de lágrimas sofridas!
Peço apenas encarecidamente uma só coisa: não deixem que a beleza do amor se transforme na feiura da raiva, na virulência do ódio; se notarem que o sofrimento está causando essa transformação, sejamos fortes e promovamos o rompimento do elo da intimidade que é o elemento provocador.
Publicado por Sióstio de Lapa
em 26/06/2013 às 00h53
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