Hoje ao entrar no segundo semestre de 2013, estou registrando a última devoção constante a Deus orientada pelo Bhagavad Gita. Devemos nos elevar a uma plataforma tal que possamos obter compreensão sobre a Suprema Personalidade de Deus e assim ocupar-se no serviço devocional, nos diversos aspectos como descritos antes. Esta é a perfeição do conhecimento.
Começando pela prática da humildade e indo até o ponto de compreensão acerca da Verdade Absoluta, a Absoluta Personalidade de Deus, este processo é exatamente como uma escada que começa no térreo e vai até o último andar. E nesta escada há muitas pessoas que alcançaram o primeiro andar, o segundo ou o terceiro, etc., mas quem não alcança o último andar, que é a compreensão acerca de Deus, está numa fase de conhecimento inferior. Se alguém quiser competir com Deus e ao mesmo tempo tentar progredir em conhecimento espiritual, ele se malogrará. Afirma-se claramente que, sem humildade, a compreensão realmente não é possível. Julgar-se Deus é muita pretensão. Embora esteja sempre sendo chutada pelas rigorosas leis da natureza material, mesmo assim, devido a ignorância, a entidade viva pensa: “Eu sou Deus”. O despontar da sabedoria, portanto, é humildade. Devemos ser humildes e saber que somos subordinados ao Senhor Supremo. Devido a rebeldia contra o Senhor Supremo, ficamos subordinados à natureza material. Todos devem saber esta verdade e estar convictos dela.
Esta lição do Bhagavad Gita é fundamental para quem deseja evoluir nos conhecimentos espirituais. Principalmente na colocação da humildade como a base em que está montada a escada de nosso crescimento. Sei que com a aquisição de muitos conhecimentos materiais, terminamos por desenvolver certa arrogância e assumindo o papel de um deus, determinar a inexistência de Deus. Sei disso, pois também passei por esse processo como tantos outros. O fato de eu não poder comprovar através dos meus cinco sentidos a existência dessa Absoluta Personalidade de Deus, fez com que eu desacreditasse nEla. Felizmente o meu racional terminou convencido pelos caminhos da lógica, que eu jamais iria encontrar essa Absoluta Personalidade de Deus antropomorfizada em qualquer aspecto humano ou limitada a qualquer aspecto da Natureza. O máximo que eu poderia entender dessa “Personalidade” é na forma de energia que toscamente posso explicar como inteligência suprema do Universo com base no Amor Incondicional. Isso é o máximo que a minha inteligência, que representa a doação de uma parcela ínfima dessa inteligência, pode argumentar e acreditar racionalmente, firmar uma convicção. Para acontecer isso tive que derrotar a minha arrogância, de querer destruir aquilo que eu não conhecia, e desenvolver a humildade de reconhecer a minha imensa ignorância frente à criação, quanto mais frente ao Criador.
Não tinha como eu negar a minha condição de criatura e comigo todos os demais aspectos da Natureza. Se eu nego o Criador fico na condição de um deus dentro da natureza e sofrendo todos os efeitos do que produzo e do que ela produz. Que deus é esse que não tem controle nem do que pode ou não pode fazer, quanto mais do que pode sofrer pelas ações ou reações da natureza? É por isso que o Bhagavad Gita diz que esse indivíduo está sempre sendo chutado pelas leis da natureza e na sua arrogância ainda se considera um deus. Quando passamos a ser humildes e aceitar a existência de Deus como Criador de tudo, não é devido a isso que deixaremos de sofrer as consequências de nossas limitações e das leis da natureza, elas continuarão a existir e a influenciar a todos, crentes ou não crentes, humildes ou arrogantes. A diferença é que passamos a saber dos limites de nossa inteligência, que somos um dos inumeráveis seres da criação, que existe uma inteligência bem maior e acima da nossa e que a vida não se resume apenas ao plano material onde nossa arrogância prospera.