Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
03/07/2013 03h17
EFEITOS EGOÍSTAS

            O antropólogo e um dos principais pensadores contemporâneos, Edgar Morin, diz o seguinte sobre a crise das sociedades:

            A própria civilização ocidental, que produz as crises da globalização, encontra-se em crise. Os efeitos egoístas do individualismo destroem as antigas solidariedades. Um mal estar psíquico e moral instala-se no coração do bem-estar material. As intoxicações consumistas das classes médias se desenvolvem, enquanto a situação das classes desvalidas se degrada e as desigualdades se agravam. A crise da modernidade ocidental torna derrisórias as soluções modernizadoras para as crises. (A via – para o futuro da humanidade, Ed. Bertrand Brasil, Rio de janeiro, 2013)

            Essa visão pessimista de Morin, quanto a sociedade humana, referenda o que observamos séculos após séculos: o individualismo humano corroendo o potencial de fraternidade que possuímos. O contraponto que obtivemos com as lições do Mestre Jesus, se devidamente aplicadas, é o fator que pode tirar a humanidade dessa crise e construir o Reino de Deus como Ele previa.

            Para que isso aconteça é necessário que façamos combate ao egoísmo que mora dentro de nós e consigamos reformular todas as nossas relações com base no amor incondicional, principalmente as relações afetivas que são estruturadas com base no amor romântico que constrói a base da família nuclear, ciumenta e exclusivista.

            Apesar de a maioria conhecer o Evangelho de Jesus e reconhecer a importância de aplicá-lo como roteiro de vida que ele oferece, quase ninguém tem a preocupação de o colocar em prática. Até mesmo os sacerdotes e pastores, aqueles que se colocam como discípulos e propagadores do Evangelho, não conseguem aplicar os princípios do amor incondicional em suas vidas. Observamos a corrosão de o egoísmo ocorrer dentro dos próprios templos faraônicos. E quem se propõe a viver o Evangelho de Jesus com integridade, termina por se tornar isolado dentro da comunidade, longe dos conluios humanos que favorecem a grupos minoritários em detrimento da coletividade.

            É assim que eu me sinto, solitário pelos caminhos do amor incondicional. Meus diversos amigos e companheiras, apesar de reconhecerem a prevalência do amor incondicional frente a qualquer uma outra derivação do amor, não conseguem aplicá-lo em suas vidas e dessa forma entram em conflito comigo, geram sofrimento, e me deixam sozinho dentro dos meus paradigmas.

            Por mais que exista o amor nas relações, se o egoísmo não é erradicado dos corações, sempre haverá o ciúme e o exclusivismo a solapar o projeto de fraternidade para a construção do Reino de Deus que Jesus tanto nos ensinou.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/07/2013 às 03h17
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