Há 500 anos tivemos a descoberta do Novo Mundo, as Américas. Apesar de indícios anteriores de sua existência, foi a descoberta de Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral que oficializou a existência das novas pátrias.
Talvez seja chegado o momento de oficializarmos também a existência do Novíssimo Mundo, a pátria espiritual. Apesar dos muitos indícios de sua existência, continuamos a nos comportar academicamente como se só existisse a matéria, que a nossa mente, alma, espírito, livre arbítrio fosse tudo produto dos neurônios organizados e funcionando através de neurotransmissores em nossos cérebros; que depois da falência desse órgão nada mais permanecerá da nossa existência. Infelizmente essa ainda é a posição assumida majoritariamente nos meios científicos, pelo menos na forma de expressão e de condução dos diversos argumentos que assumem o materialismo como única realidade.
Vejamos assim o posicionamento de alguns pensadores atuais que conduzem com maestria essa forma de pensamento, a crença em que toda a vida, inclusive a humana, é apenas o produto das forças cegas da natureza, que atua como um “relojoeiro cego”, segundo um deles, o zoólogo Richard Dawkins. Esse relojoeiro seria a Seleção Natural, o processo automático, cego, inconsciente, que Darwin descobriu, e que agora sabemos que é a explicação para a existência e aparentemente para toda forma de vida, não tem qualquer propósito em mente. Não tem qualquer mente ou qualquer olho da mente. Não planeja o futuro. Não tem sequer visão, previsão, vista. Pode-se dizer que desempenha a função do relojoeiro na natureza, é o relojoeiro cego (O relojoeiro cego, Cia da Letras, 2008; publicado pela primeira vez em 1986, p. 5)
O americano Daniel Dennett, filósofo da mente conhecido no mundo todo é o preferido de quem pensa que os computadores podem simular processos mentais humanos. Ele diz que Darwin fundamentou a vida com firmeza no materialismo e que nós, seres humanos, somos grandes e luxuosos robôs. Diz ainda que, se você tem o tipo certo de processo e tempo suficiente, pode criar coisas grandes e luxuosas, até coisas com mentes, a partir de processos individualmente estúpidos, impensados e simples. Simplesmente uma grande quantidade de pequenos fenômenos ocorrendo ao longo de bilhões de anos pode criar não apenas ordem, mas desígnio, e não apenas desígnio, mas mentes, olhos e cérebros (entrevista a Alan Alda em Scientific American Frontiers, transcrição online em www.bps.org/saf/1103/features/dennett.htm. Dennett insiste em que não existem alma nem espírito associados ao cérebro humano, nem qualquer elemento sobrenatural, nem vida após a morte. O foco de sua carreira foi a explicação de que “sentido, função e propósito podem passar a existir num mundo intrinsecamente sem sentido e sem função”.
O sociobiólogo Edward O. Wilson também fala na mesma direção, que o cérebro e suas glândulas satélites já foram esquadrinhados a ponto de não restar lugar algum que possa ser racionalmente concebido como refúgio de uma mente não física.
O cientista cognitivo Steven Pinker reforça o coro, pergunta por que as pessoas acreditam que há implicações perigosas na ideia de que a mente é um produto do cérebro, de que parte do cérebro é organizada pelo genoma, e de que o genoma foi moldado pela seleção natural?
O crítico de cultura americana Tom Wolfe resumiu a questão num ensaio publicado em 1966: “Lamento, mas sua alma acabou de morrer”, esclarecendo a “visão neurocientífica da vida”. Ele escreveu sobre as novas técnicas de imagens que permitem aos neurocientistas ver o que ocorre no cérebro quando você tem um pensamento ou emoção. Ele diz assim: Uma vez que a consciência e o pensamento são inteiramente produtos físicos do cérebro e do sistema nervoso – e visto que o cérebro chegou totalmente impresso no nascimento -, o que o faz pensar que tem livre-arbítrio? De onde viria isso? Que “fantasma”, que “mente”, que “eu”, que “alma”, que qualquer outra coisa que não seja logo agarrada por essas desdenhosas aspas fará borbulhar o tronco encefálico para dá-lo a você? Eu soube que os neurocientistas teorizam que, de posse de computadores e sofisticação suficientes, será possível prever o curso da vida de qualquer ser humano momento a momento, incluindo o fato de que o pobre diabo estava prestes a balançar a cabeça em descrédito diante da ideia em si.
Apesar de todas essas considerações de alto crédito acadêmico, fica uma pergunta que não quer calar: Se o materialismo é verdadeiro, por que a maioria das pessoas não acredita nele?
Temos entre nós uma personalidade desbravadora desse novíssimo mundo, Allan Kardec. Ele entrevistou diversas inteligências da pátria espiritual, do novíssimo mundo e deixou registrado para nós antes de partir para lá, livros com a orientação filosófica, científica e religiosa, para que pudéssemos adquirir a cidadania nesse novíssimo mundo. As pesquisas foram realizadas e o mundo espiritual foi entendido como mais um aspecto da natureza, que acreditemos ou não. Nada existe de sobrenatural, apenas ignorância de quem ainda não encontrou ou não quer encontrar a forma certa de estudar a dimensão espiritual. Jamais a encontrará sob um microscópio ou no corte do bisturi. Assim como os micróbios pululam ao nosso redor sem que os nossos cinco sentidos consigam os captar, assim é o mundo espiritual que convive vibracionalmente ao nosso lado.
Também sou um neurocientista, fiz medicina, psiquiatria e doutorado em psicofarmacologia. Mas não perco meu tempo como alguns dos meus colegas, de procurar a alma ou o espírito nos recôncavos do cérebro, na fisiologia dos neurônios ou na química dos neurotransmissores. Compreendo que tudo isso é a maquinaria biológica, submetida as leis da evolução material, lei essa que pode até levar trilhões de anos para formar um olho na tentativa e erro, mas que a essência da consciência viva não está originada aí. Deixemos o mundo material com suas formas efêmeras e vamos em direção ao mundo espiritual procurar entendê-lo com mais precisão através de inteligências como as nossas que estão por lá e que se interessam por esse intercâmbio. Assim poderemos esclarecer como é que a alma ou espírito utiliza esses recursos biológicos para se expressar no seu livre arbítrio através da mente e escapar da condição de robô