O segundo bloco dessas Palavras dos Sábios que estou reproduzindo da Bíblia, se encontra em Provérbio 23: 1-9:
1 Quando te assentares à mesa com um grande, considera com atenção quem está diante de ti: 2 põe uma faca na tua garganta, se tu sentes muito apetite; 3 não cobices seus manjares que são alimentos enganosos. 4 Não te afadigues para te enriqueceres: evita aplicar isso teu espírito. 5 Mal fixas os olhos nos bens,e nada mais há, porque a riqueza tem asas como a águia que voa para o céu. 6 Não comas com o homem invejoso, não cobices seus manjares 7 porque ele se mostra tal qual se calculou em si mesmo. Ele te diz: “Come, bebe”, mas seu coração não está contigo. 8 Comido o bocado, tu o vomitarás e desperdiçarás tuas amabilidades. 9 Não fales aos ouvidos do insensato porque ele desprezaria a sabedoria de tuas palavras.
Faço agora as minhas considerações dentro do meu ponto de vista e da atualidade:
1 Nunca tenho essa preocupação, posso olhar à minha frente e ao redor, mas nunca devotando tanta atenção como aqui é aconselhado, principalmente com quem se encontra à frente. Confesso que não consigo alcançar a profundidade desse conselho, pois como o outro fala ou se comporta não deve ter tanta importância para mim quanto o meu próprio modo de falar e de me comportar. Mas talvez o que o sábio queira ensinar é que as falhas ou perfeição que eu veja no outro, sirva de lição para corrigir o meu próprio comportamento.
2 Este conselho é muito útil para mim. Considero que a gula é um dos meus principais adversários ao lado da preguiça. Então sempre que estou à mesa tenho apetite. O conselho se for seguido me ajudará a não praticar os excessos que sempre estou cometendo à mesa.
3 Este conselho vai ser difícil de ser seguido. Como não desejar, não cobiçar os manjares colocados à minha disposição? Sei que os manjares são alimentos enganosos, como, aliás, todos os alimentos materiais o são, pois servem apenas para alimentar o corpo que tem uma passagem efêmera pelo mundo das formas. Mas reconheço a validade do conselho e sua utilidade para mim. Merecia até escrever esse conselho e deixá-lo sempre dentro da minha carteira, para que não o esquecesse. Mas deixarei somente na minha memória e que minha consciência seja capaz de resgatá-lo nos momentos necessários.
4 Reconheço que, apesar de ter a preguiça como minha ferrenha adversária, eu ainda trabalho muito e chego ao nível da fadiga. Mas não tenho com isso o objetivo de enriquecer e sim de ter condições de ajudar com mais eficácia ao próximo que caminha ao meu lado, aos meus irmãos que sobrevivem com dificuldades; a ter um melhor conforto e condições de absorver lições necessárias ao meu desenvolvimento espiritual.
5 Acredito que eu esteja livre desse perigo, de olhar os bens como riqueza que possa me arrebatar para distante de meus objetivos espirituais, de ficar com minha atenção apenas voltada para conseguir mais e mais bens, para ampliar uma riqueza sem utilidade dentro da fraternidade do Reino de Deus. Mesmo porque eu considero todos os bens que chegam ao meu alcance, como sendo bens de Deus que Ele coloca para mim na forma de comodato, para que eu o utilize de forma justa e ética com todos os Seus filhos, que são os meus irmãos.
6 Isso pode até acontecer, a medida que eu não conheça a pessoa, não saiba que é um invejoso, ou, mesmo sabendo, que eu fique em sua companhia por alguns momentos suficientes para plantar uma mensagem de mais harmonia com a vida, onde a inveja seja reconhecida como um erro principal na nossa forma de relacionamento. Agora, jamais cobiçar os seus manjares!
7 Esse conselho serve para entender como funciona a mente e coração do invejoso. Por mais que nos receba com cortesia e boa educação, seu coração nunca estará conosco, sempre pensa no que pode está se beneficiando do que está fazendo e pode até mesmo aquilo que nos oferece com tanta galhardia num momento, no momento seguinte seja cobrado com juros exorbitantes.
8 Ai tem a semelhança com o vômito depois de uma refeição farta, tanta amabilidade recebida e depois cobrada. Este conselho é de extrema utilidade nos meus relacionamentos, uma vez que existem muitas pessoas invejosas, que desejam muitas vezes possuir o mínimo do que o outro tem. Mesmo que minha atenção não se detenha nesses aspectos de caracterizar as pessoas como invejosas ou não, sei pelas consequências de seus comportamentos que só a inveja é que justifica alguns tão perniciosos. Então deverei ter o máximo cuidado com as amabilidades e cortesias, com os alimentos e manjares que me sejam oferecidos, pois se existe a inveja nessas ações, com certeza eu serei cobrado mais adiante, e dessa forma surge ânsia de vômito. Por outro lado, deveria também fazer a minha autoanálise: também sou invejoso? Faço amabilidades, ofereço alimentos e manjares para depois cobrar alguma coisa? Fico a desejar com cobiça qualquer aspecto positivo que eu entenda em outra pessoa? Não, não encontro esse aspecto em minha personalidade. Agradeço ao Pai por me ter favorecido em não entrar por esse caminho tão árido. Devo como contrapartida ao Pai que assim me favoreceu, a procurar corrigir esse defeito de caráter nos irmãos que convivam comigo.
9 Agora, esse conselho vai servir para que eu não perca tempo com quem não tem condições de aproveitar o que tenho a ensinar. Os insensatos desprezam a sabedoria contida nas palavras, pois o orgulho que eles possuem não permite a humildade de reconhecer os erros que todos nós cometemos. Quando eu perceber que minhas palavras caem no vazio, quando não são consideradas na sua essência, quando não são relacionadas com a verdade superior da vida, quando o senso crítico não se impõe e coloca em primeiro lugar as primeiras coisas, na sua ordem de importância, então estou tratando naquele momento com um insensato. Pode ser até que essa pessoa esteja naquele momento sendo insensato em função de algo que perturbe o seu sensório, seu raciocínio, como é o caso de embriagues pelo álcool. Tenho um bom exemplo disso no aniversário da minha sobrinha ocorrido recentemente. Procurei puxar o assunto da importância do reconhecimento da vida após a morte do corpo físico, qual a nossa destinação a partir desse momento, mas tudo voltava as chacotas dos comportamentos mundanos que envolviam os prazeres do sexo aliados as ironias das performances do corpo. Calei meu assunto, vi que a insensatez do momento não permitia que eu tratasse naquele instante com qualquer tipo de sabedoria. A minha estratégia para o momento foi apenas de ouvir as diversas ironias, chacotas, críticas, acusações, que chegavam até mesmo a me atingir. Mas eu estava em outro nível, estava vibrando em uma dimensão onde aquelas palavras jamais poderiam me ferir. Eu estava naquele momento vibrando e me dirigindo para o alto, para o futuro. Capaz de perdoar as ofensas, de tolerar as agressões e de continuar amando a todos, apesar de mergulhados na insensatez. Sei que não deixarei nunca de estar ao lado deles, de tentar encontrar brechas na insensatez onde as palavras de sabedoria possam ser consideradas e aplicadas.