É impressionante quando estamos sintonizados com Deus, como Ele fala conosco e nos aconselha nos momentos mais difíceis, às vezes sem nem ao menos pedir qualquer ajuda a Ele. Mas Ele está sempre atento, sabe que não pedimos, não é porque somos arrogantes, mas que nos perdemos no caminho e ficamos um tanto atordoados em prosseguir.
Há três anos estou afastado do meu filho, no seu modo de pensar, ele acredita que deva se comportar assim comigo. Eu sempre fico a tentar uma aproximação com ele, mas ele sempre se afasta. Ontem foi o aniversário dele e quando tudo parecia que ia haver a aproximação, na última hora ele recua e volta para o seu mundo de isolamento. Não quero usar a força da lei humana, apesar de saber que tenho esse direito, mas prefiro me guiar pela lei do amor. Mas ele parece tão irredutível que fico preocupado na persistência desse comportamento e o quanto isso pode ser nocivo para ele. No tumulto dos meus pensamentos, sem encontrar uma saída que eu me sinta seguro, em recuperar o seu coração, que de alguma forma foi avariado e devido ao meu comportamento, fico tentando encontrar uma solução... Não lembrei de conversar com Deus, com o nosso Pai, tenho esse péssimo mal costume de me esquecer tantas vezes dEle, até mesmo em situações como essa em que eu me sinto enrascado. Mas Ele não se esquece de mim, e conversou comigo através do filme que eu coloquei para terminar de assistir: A FAMÍLIA SAGRADA. Tem um momento do filme onde passa uma cena entre Maria e José, quando mais uma vez Jose é expulso da sua própria casa, devido a intolerância dos filhos, do irmão, das pessoas que ele tanto ama. Maria compreende melhor que ele o que sucede, e acata a expulsão sofrida devido ao coração duro dos parentes, e se faz o seguinte diálogo:
Maria (desolada ao ver o aspecto triste de José) – O que você tem, José?
José – Sempre somos os estrangeiros. Mesmo na nossa casa. Eu esperava que o Giacomo (seu filho mais velho) tivesse se tornado um homem.
Maria – Você deve procurar entendê-lo. Está amargurado. Quando ele precisava da sua ajuda, você estava longe.
José – Precisava pensar em vocês dois (eles haviam fugido para o Egito para escapar da ameaça de Herodes sobre Jesus). O que eu deveria ter feito?
Maria – Não poderia ter feito outra coisa. Deus nos deu uma provação para nos testar. E Giacomo não sabe. Ele não pode saber. É você quem deve procurar entendê-lo. SEJA HUMILDE, JOSÉ!
José cala, olha nos olhos de Maria, dá um pequeno sorriso, apaga a luz.
Não poderia ser mais preciso esse diálogo. Foi automático em associá-lo a minha atual conjuntura de vida. Também vivo sendo expulso por pessoas que amo devido a minha forma de agir. Até o meu filho! Maria usa para mim as palavras que Deus quer que eu escute: Você deve procurar entendê-lo. Ele está amargurado. Quando ele precisava de seu apoio, você estava longe. Mas você não poderia ter feito outra coisa. Você está sendo provado. É você quem deve procurar entendê-lo e não ele a você. SEJA HUMILDE, FRANCISCO!