O Bhagavad Gita ensina que as entidades vivas condicionadas à natureza material são de várias categorias. Alguém pode ser feliz, outrem, muito ativo, mas há outro que se sente desamparado. Todos estes tipos de manifestações psicológicas são a causa da posição condicionada das entidades na natureza. Como as entidades vivas se condicionam de forma diferente? Primeiro existe o modo da bondade. Quem desenvolve esse modo acaba se tornando mais sábio do que aqueles condicionados a outras circunstâncias. Um homem no modo da bondade não é tão afetado pelas misérias materiais, e ele sente o avanço em conhecimento material. Esta sensação de felicidade deve-se à compreensão de que, no modo da bondade, a pessoa está mais ou menos livre de reações pecaminosas. Significa maior conhecimento e maior sensação de felicidade.
O problema é que, quando se situa no modo da bondade, o ser vivo fica induzido a sentir que é avançado em conhecimento e que é melhor do que os outros. Dessa maneira, ele se condiciona. Os melhores exemplos são o cientista e o filósofo. Cada qual tem muito orgulho do seu conhecimento, e porque em geral melhoram suas condições de vida, eles sentem uma espécie de felicidade material. Na vida condicionada, esta sensação de felicidade superior deixa-os atados ao modo da bondade da natureza material. Nesse caso, eles ficam atraídos a trabalhar no modo da bondade, e, enquanto sentem atração por essa espécie de trabalho, eles devem aceitar algum dos corpos oferecidos pelos modos da natureza. Assim, não há possibilidade de liberação, ou de sua transferência para o mundo espiritual. Repetidas vezes a pessoa pode tornar-se um filósofo, um cientista, ou um poeta, e repetidas vezes envolver-se com as mesmas condições desfavoráveis apresentadas sob a forma de nascimentos e mortes. Porém, devido à ilusão que a energia material lhe impõe, o homem pensa que esta espécie de vida é agradável.
Esta condição eu posso observar com muita frequência, principalmente no meu meio profissional, na academia, na convivência com muitos médicos, cientistas. Não vejo preocupação nenhuma na vida espiritual, na importância que deveria ser dada aos critérios evolutivos do mundo maior. Para alguns deles nem esse mundo existe, pois eles não o podem confirmar de imediato com os seus sentidos perceptivos, e a sua razão não entra na consideração do autor da criação e de onde essas energias criativas provêm. Mesmo porque é difícil, a pessoa adquire ao longo da vida uma série de conhecimentos materiais necessários a sua função de filósofo ou cientista, e de repente ser instado a considerar outra dimensão para a qual não teve preparo.
Mas nunca é tarde para tomar outros rumos à direção do pensamento. Mesmo que o modo da bondade nos traga uma sensação de felicidade, isso nunca é suficiente, pois não aprendemos e praticamos sobre as necessidades do mundo espiritual, e por esse motivo ficamos indo e vindo para essa escola material até que aprendamos a lição mais pertinente: o conhecimento do mundo espiritual e das suas leis as quais não posso deixar de cumprir.