Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
12/08/2013 09h25
SOB INFLUÊNCIA

            A doutrina que os espíritos trouxeram para nós através do trabalho laborioso e criterioso de Allan Kardec, nos dá a informação de que tomamos a maioria de nossas ações sob a influência dos espíritos, sejam boas ou más de acordo com nossa sintonia mental. Isso quer dizer que, mesmo eles nos influenciando no campo vibratório mental, os nossos próprios pensamentos devem sintonizar com eles para que a influência possa ser posta em ação. Além dessa influência sutil, existe outra influencia mais objetiva e mais pragmática que se realiza através de nossa vontade direta. Por exemplo, beber ou não beber bebidas alcoólicas. Eu posso ter uma infinidade de influências sutis na minha mente, mas quem irá decidir se bebo ou não, será a minha vontade depois que eu fizer a devida deliberação consciente de todos os prós e contras.

            Com a minha vontade, no uso do livre arbítrio, eu posso ficar sob influência do álcool ou qualquer outra droga. Posso dirigir um carro ou qualquer outro veículo que pode resultar em tragédia. Dependendo do grau de comprometimento da coordenação mental e motora, a lei prevê punições de acordo com a situação específica, sejam elas: dirigir intoxicado, incapacidade de manobrar, dirigir sob a influência de álcool e/ou outras drogas, etc. Infelizmente, todo ano milhares de pessoas morrem, são feridas ou presas devido à combinação da direção com o álcool e outras drogas.

            Paulo instigou os cristãos em Éfeso, como seguidores de Jesus, a viverem sob outra influência. No livro de Efésios 5:18, o apóstolo disse: “Não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito.”

            Infelizmente, assim como hoje, embriagar-se era uma prática comum entre os povos dos tempos antigos. Um bêbado não tinha mais controle sobre suas palavras e ações. Mas Paulo aconselhava para que ao invés disso se enchessem do Espírito, de ficarem em Cristo, controlados e influenciados pelo Espírito Santo. O encher-se com o Espírito gera vida e alegria interior através da adoração e agradecimento a Deus – não a destruição e morte trazidas pela embriagues.

            O Baghavad Gita também aponta no mesmo sentido, no cap. 14 verso 20: “Mesmo no corpo, alguém pode permanecer em plena consciência de Krsna (Deus). Embora alguém esteja dentro deste corpo material, através do seu progresso em conhecimento espiritual, ele poderá se livrar da influência dos modos da natureza. Mesmo neste corpo, ele poderá gozar a felicidade espiritual.”

            Também em Apocalipse 4:11 existe um apelo à nossa compreensão lógica para se manter em consciência de Deus, cheios do Espírito: “Tu és digno Senhor, nosso Deus, de receber a honra, a glória e a majestade, porque criaste todas as coisas, e por Tua vontade é que existem e foram criadas.”

            Esse esforço para que nos enchamos do Espírito de Deus e ficarmos sob a Sua influência, ao invés de permanecer na influência dos prazeres da natureza, como o uso de álcool e outras drogas, poder, dinheiro, injustiça e outras mazelas da sociedade é uma luta constante. Há 215 anos, em 12-08-1798, as igrejas de Salvador estavam cobertas com manuscritos colados que diziam assim: “Animai-vos, povo, pois está para chegar o dia em que seremos irmãos e iguais!” As notícias dos ideais da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – e da independência norte-americana se espalhavam aqui aos poucos. A população pobre, vítimas da escravidão e do mando senhorial, rebelou-se na Capitania da Bahia, sob a liderança de alfaiates e soldados. Eles queriam independência, república, livre-comércio e fim da escravidão. A repressão do governador D. Fernando de Portugal e Castro foi brutal. 49 presos e, em novembro do ano seguinte, quatro enforcados. Quatro “Tiradentes” baianos hoje pouco lembrados: Luiz Gonzaga, João de Deus, Manoel Faustino e Lucas Dantas (Chico Alencar, Br-500, um guia para a redescoberta do Brasil, Ed. Vozes).     

            Assim, tudo aponta para que a vontade de Deus seja realizada, somos chamados a antecipar na terra a vida do céu centrada em Deus, a construção do Reino de Deus.

            Eu posso aceitar o convite de um colega e passar a semana com ele, fazendo uso de bebidas alcoólicas e experimentando a sua influência. Agora, será que ele terá condições de passar a semana comigo, enchendo a sua alma com o Espírito de Deus e experimentar Sua influência?

Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/08/2013 às 09h25
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