Ontem, dia 15-08, foi o dia do solteiro. Interessante, ninguém me cumprimentou devido a isso, mesmo muitos sabendo que moro sozinho, que sou considerado um solteiro. Da mesma forma que me cumprimentam no meu aniversário, no dia dos pais, no dia do médico... Mas do dia do solteiro, nada! Nem uma simples palavra do amigo mais íntimo. Agora tenho que ressaltar que dos meus amigos poucos se ligam com esse aspecto de cumprimentar os outros nessas datas especiais, tem um perfil comportamental parecido com o meu. Também não estou aqui me lamentando quanto a isso. Foi mais um motivo de colocar com destaque a minha condição existencial na atual fase de minha vida. Fazer uma reflexão quanto a isso.
Parece paradoxal, eu uma pessoa que gosto da companhia de outras pessoas, que faço o máximo para que quem esteja ao meu lado se sinta bem, ter que viver assim isolado, na solidão, não tendo com quem conversar, com quem brincar, sorrir, chorar... Tudo isso porque qualquer pessoa que se aproxima de mim, até este momento, termina por desenvolver um sentimento de posse, de querer evitar meu relacionamento com outras pessoas, e eu tenho uma forma de amar de natureza inclusiva, associada ao amor incondicional, incompatível com o exclusivismo do amor romântico.
Tenho um colega que também é solteiro, mora sozinho num apartamento num condomínio próximo ao meu. Sinto que ele é muito fragilizado por essa situação, reclama da solidão, de não ter alguém perto dele, que procura desesperadamente por uma pessoa que fique ao seu lado. Não tenho esse nível de sofrimento. Sei que se eu abrisse mão dos meus paradigmas de vida e passasse a adotar o comportamento prevalente do exclusivismo nas relações amorosas, eu teria diversas pessoas que poderiam morar comigo até o fim da vida, incluindo as minhas duas ex-esposas.
Mas acontece que esse paradigma de vida que construí e no qual dirijo a minha vida dentro dos seus princípios, acredito que seja uma determinação de Deus, como uma forma dEle me usar como instrumento para contribuir no aperfeiçoamento da sociedade humana. Mesmo que aparentemente seja um comportamento lesivo a instituição da família nuclear, mas é o elemento gerador da família universal, assim acredito. Dessa forma, mesmo que eu queira eu não posso mudar, pois devo fazer a vontade do Pai e não a minha.
Por acaso não seria mais cômodo eu viver com a minha primeira família, estar no aconchego deles, todos já adultos, curtir com serenidade a chegada dos netos, manter a harmonia com minha primeira esposa como agora já recuperei essa harmonia, mesmo nós vivendo longe um do outro. Seria bem mais cômodo para o meu perfil, do que viver agora, sozinho, sem ninguém ao meu lado, sem interagir com ninguém numa convivência diária. Mas Deus me deu uma amostra grátis da beleza do que será quando seu Reino um dia se instalar na terra, com os princípios desse amor inclusivo. Deu a geração de dois filhos magníficos, cada um com suas peculiaridades, que não existiriam caso eu não acatasse a vontade de dEle e aceitasse a intimidade com novos amores; mostrou que as diversas mulheres que ele colocou na minha vida com potencial de amar em profundidade, são pérolas de Sua criação que precisam ser lapidadas da casca dura do egoísmo, pois elas serão as estrelas reluzentes do Seu Reino que se aproxima.
Portanto, por tudo isso não reclamo da minha condição de solteiro, pois sinto que cumpro a vontade de Deus e que estou na companhia moral de grandes solteiros, como Jesus Cristo, Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Chico Xavier, Divaldo Franco...