A inércia é algo perigoso, algo que nos deixa presos dentro de um hábito e que oferece resistência a sua mudança. Mesmo que tenhamos já atividades positivas, que sejamos trabalhadores, mas achamos que devemos ter ações em outro sentido, aí surge a ação da inércia, colocando dificuldades para que isso se realize.
Tenho a plena convicção dessa força dentro de mim e que se torna aliada a preguiça que eu identifico e que muitos não percebem e nem aceitam. Tenho a sensação de que, apesar de todo o trabalho visível que eu faço, frente a Deus eu ajo com mediocridade. Eu poderia orar mais, ter mais intimidade com Deus e com os espíritos mais adiantados que eu no domínio e expressão do amor; fazer atividades de caridade com mais espontaneidade e criatividade; ser mais ousado na evangelização dos irmãos que ainda não conhecem o projeto de Deus para nossas vidas; organizar melhor o relacionamento com os meus filhos, companheiras, parentes e amigos; comer melhor qualitativa e quantitativamente; fazer mais exercícios...
Tenho uma série de modificações prontas a serem feitas, sei que são importantes e que estão dentro do projeto que Deus tem para mim. Porém não consigo vencer a inércia de forma suficiente para deixar a minha consciência tranquila. Sou desafiado por Paulo, que bem mais maduro em sua caminhada espiritual, humildemente declarou:
“Não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição. Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo. Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta pela frente, persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo.” (Filipenses, 3: 12-14).
Também fui conquistado por Deus e aceito a liderança de Jesus Cristo como espírito mais perfeito e mais próximo do Criador. Sei das responsabilidades que tenho pela frente e dos erros cometidos no passado. Meus erros são tão graves quanto os de Paulo, que chegou a matar os irmãos (apedrejamento) em função dos seus equívocos religiosos; também cheguei a matar meus irmãos (aborto) em função dos meus equívocos acadêmicos. Também como Paulo eu prescindo do passado e procuro focar nas ações que devo fazer no futuro. Mas não tenho a competência que Paulo tinha de vencer essa inércia, de mudar do que fazia para o que precisava fazer.
Sei que para vencer a inércia eu tenho que vencer a sua principal base que é a preguiça. Assim, volto a focar a minha grande adversária existencial. O tempo vai passando e ela sorrindo, sentindo que está vencendo a guerra. Até agora, com 60 anos de vida, ainda não consegui colocar com clareza e transparência o meu pensamento para a sociedade, mostrar qual é o meu objetivo nesta atual vivência e defender o projeto de Deus escrito na minha consciência.
Jesus aos 30 anos começou a Sua vida Pública, o dobro da idade que tenho. Ele havia trabalhado como carpinteiro junto do pai até essa idade. Sua vida pública tem início com Seu batismo no rio Jordão por João Batista. O Batista hesita, pois reconhece a superioridade espiritual de Jesus, mas Jesus insiste e recebe o batismo. Então vem sobre Jesus o Espírito Santo e a voz do céu proclama: “Este é o meu filho bem-amado.”
Jesus, dentro de Seu projeto, passa a dizer explicitamente que Ele veio para anunciar o Reino, que essa era a Sua missão. Disse ainda que a lei e os profetas duraram até João. Desde então é anunciado o Reino de Deus... (Lucas, 16: 16).
Sinto que estou muito atrasado na realização de minha missão, mas talvez esse tenha sido mesmo o projeto de Deus. Eu deveria adquirir todos os recursos para a minha missão diretamente do mundo material, das lições acadêmicas, do confronto dos desejos com a justiça. Nada de “maravilhoso” se deu na minha educação, foi somente a lógica lidando com os diversos fragmentos da verdade que surgiam na minha consciência que formaram o paradigma que considero hoje como vontade de Deus.
Considero o início da minha vida pública no sentido espiritual, com a minha festa de aniversário dos 60 anos. Foi aí que eu disse explicitamente para uma grande plateia qual era o meu objetivo principal na vida e citei as “bem aventuranças” como um roteiro a seguir sob a liderança de Jesus. Não houve uma pomba branca sobre a minha cabeça a dizer que eu era o filho bem amado de Deus, claro que não tenho esse merecimento, mas um amigo de forma espontânea pediu a palavra e fez uma descrição de quem era eu. No canto dos parabéns foi incluída a oração de São Francisco e senti que eu estava mais no mundo espiritual que no material. Senti que a partir desse momento eu deveria vencer a inércia e mostrar o sentido da minha missão na comunidade.
Continuando no paralelo com Jesus, já que eu tive o dobro da idade dele para considerar o início da minha missão, e como Ele realizou o seu trabalho público em 3 anos, considero que eu deva ter o dobro de anos, 6 anos, para o cumprimento de minha missão. Já estou completando um ano ainda não consegui vencer a inércia! E qual a minha missão? Tenho colocado em diversas ocasiões qual é essa missão, alguns já devem saber, talvez de forma incompleta... não sei bem. Mas eu procurarei colocar aqui de forma bem explícita, pelo menos para o pequeno número de leitores desse diário o caso será bem esclarecido. Como o tempo e o espaço não comporta mais esse esclarecimento para hoje, deixarei para postar amanhã.