A mensagem seguinte do Baghavad Gita provoca um choque na minha consciência. A quem seguir? Ao Baghavad Gita que representa a palavra de Deus ou a minha consciência que representa a lei de Deus? Qual é a mais forte orientação para a tomada de decisões? Para tomar esta decisão tenho que me valer da lógica e da coerência. O Baghavad Gita foi escrito por mãos humanas, mesmo que devidamente inspiradas por Deus. A lei de Deus em minha consciência sofre os desejos da carne já que ela é expressa pela mente cujos atributos operacionais surgem do cérebro. Tanto num como noutro caso existe a influência de interesses externos, de terceiros (instintos e desejos dos outros e meus também), que podem não corresponder a vontade divina. O meu esforço máximo é para ajustar os diversos interesses que surgirem e aplicar na vida real o que maior coerência apresentar com a vontade do Senhor. De tudo que analisei nestes últimos dias, percebo que é referendado na minha consciência a ordem de Deus para que eu procure construir o seu Reino aqui na Terra, a partir da transformação do meu coração egoísta em primeiro plano, e depois fazer a aplicação nos diversos tipos de relacionamentos, principalmente o íntimos que implica na formação da família, célula máter da sociedade. Com essa compreensão eu transformei a direção do meu amor de uma condição exclusiva, de não permissividade de mais ninguém na profundidade dos afetos, fugindo do amor romântico, para uma situação de inclusão, de permissividade de outros na profundidade dos afetos, indo em direção ao Amor incondicional. Dessa forma os meus principais parceiros nessa jornada evolutiva são as mulheres que Deus permite que se envolvam comigo, que troquem afetos, carinhos e até intimidade, e que tenham a vontade de caminhar ao meu lado na condição de companheiras que sabem todo o roteiro do caminho.
Agora chega o Baghavad Gita que diz o seguinte:
“Quem tem o espírito transcendental deve purificar sua existência. Há muitas regras e regulações a serem seguidas na ordem da vida renunciada. A mais importante de todas é que está estritamente proibido de falar com uma mulher num lugar isolado... Isto não é um sinal de ódio às mulheres como uma classe, mas é uma restrição imposta ao devoto, o qual não deve cultivar relações íntimas com mulheres. Para se purificar a existência, devem-se seguir as regras e regulações de um estado específico de vida. Para o devoto, relações íntimas com mulheres e posse de bens para o gozo dos sentidos são estritamente proibidas. Isso é tão rigoroso que o Senhor Caitania, renomado Mestre, advertiu: para um devoto ou qualquer um que aspire a sair das garras da natureza material e tente elevar-se a natureza espiritual e voltar ao lar, voltar ao Supremo, para ele, buscar bens materiais e contemplar mulheres para, com isso, obter o gozo dos sentidos – nem ao menos desfrutando-os, mas apenas buscando-os impelido por essa propensão – é tão condenável que seria melhor que ele cometesse suicídio em vez de experimentar tais desejos ilícitos. Assim são os processos de purificação.
Vejo que se obedecer ao Baghavad Gita nesse aspecto, nesse sentido, inviabilizarei a minha jornada no cumprimento da vontade de Deus inscrita na minha consciência, onde o relacionamento com as mulheres é da máxima importância. Não é que eu não possa ficar sem esse relacionamento, se Deus tivesse me incutido que eu deveria agir dessa forma, repudiando as mulheres para cumprir a Sua vontade, eu o faria, procurava evitar esses contatos e me contentaria a louvar o Seu nome longe de tudo e de todos, se assim Ele quisesse para mim. Mas não é assim que entendo, não é isso que está em meu coração. É por isso e por outras posições filosóficas e comportamentais, que aceito sem restrição os ensinos do Mestre Jesus, comparado a qualquer outro mestre. Jesus acolhe a todos e os inclui no Seu projeto de construção do Reino de Deus se cada um assim o desejar. Não impõe exclusões de ninguém, por nenhuma de suas características, políticas, religiosas, sexuais, cor da pele, etc.
Deus me formou assim, para adorar o relacionamento com o ser humano como se tivesse adorando a Ele; principalmente a mulher com a qual posso aprofundar no mais íntimo dos sentimentos e emoções, atingir o orgasmo existencial onde posso sentir a plenitude do criador através da Sua criatura; com a qual posso estabelecer uma parceria para a construção do Reino do Pai, pois somente com o nosso relacionamento harmônico, homem-mulher, podemos corrigir nossos erros milenares.
Então, com relação a esse item dos preceitos de purificação do Baghavad Gita não estou disposto nem autorizado por Deus no seu cumprimento, por mínimo que seja. Continuarei a me aproximar das mulheres que Deus mandou e continua a mandar para mim, a amar com a inclusividade do amor incondicional e observar sempre os ensinamentos do Mestre Jesus para permanecer dentro de uma conduta ética.
Sei que existem dificuldades enormes nesse tipo de relacionamento inclusivo com as mulheres. Hoje mesmo estou recebendo mensagens constantes de uma dessas mulheres que queria aprofundar o relacionamento comigo, mas de forma exclusiva. Ela não consegue aceitar o meu comportamento como a vontade que Deus tem para comigo. Acha que somente a sua vontade, como Deus colocou na consciência dela é a correta e tenta corrigir todos que pensam diferente, inclusive eu. Por mais que eu tente explicar essa forma de ver a vida e a vontade de Deus, ela não aceita e passa a jogar com palavras carregadas de raiva e intolerância, tenta jogar uns contra os outros com palavras veladas, de atos perversos que sofre, sem relatar o que nem a fonte. Torna-se assim um foco de desarmonia que preciso ter a sabedoria suficiente para administrar. Talvez seja isso que o Baghavad Gita tenta prevenir na jornada do devoto, mas para construir o Reino de Deus é necessário que consigamos encontrar a forma de harmonizar esses conflitos que impedem a construção do Reino de Deus. Nesse sentido, Jesus Cristo é o melhor arquiteto que o Pai já enviou para nos orientar nessa construção, e o meu papel como mero servente nessa obra, é aplica o Amor incondicional ao meu redor, com todos, amigos e inimigos, amantes e companheiras.