Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/09/2013 00h01
O MANU-SAMHITÃ E A MULHER

            No Baghavad Gita existe um texto no Cap. 16 Verso 7, que é referenciado do Manu-Samhitã, que fala do comportamento da mulher e que traz dúvidas e esclarecimentos a minha consciência. O trecho do texto que provocou minhas reflexões foi o seguinte:

            Quanto ao comportamento, há muitas regras e regulações que guiam a conduta humana, tais como o Manu-Samhitã, que é a lei válida para a raça humana. Mesmo nos dias de hoje, aqueles que são hindus seguem o Manu-Samhitã. Tanto as leis que tratam da hereditariedade quanto outras implicações jurídicas derivam deste livro. Ora, no Manu-Samhitã afirma-se claramente que não se deve dar liberdade à mulher. Isto não quer dizer que as mulheres devam ser mantidas como escravas, mas que elas são como crianças. Não se dá liberdade às crianças, mas isso não quer dizer que elas sejam mantidas como escravas. Os demônios passaram a negligenciar estes preceitos, e eles pensam que as mulheres devem receber a mesma liberdade que os homens. No entanto, isto não serviu para melhorar a condição social do mundo. Na verdade a mulher deve receber proteção em todas as fases da vida. Enquanto for menina, ela deverá ficar sob a proteção do pai, em sua juventude ficará aos cuidados do marido, e em sua velhice será protegida pelos filhos adultos. Este é o comportamento social exemplar divulgado no Manu-Samhitã.

            Confesso que esse texto trouxe profundas reflexões às bases dos meus paradigmas existenciais. Sou amante da liberdade e da justiça para todos os seres humanos e parece que o texto vai de encontro a estes princípios básicos. Mas olhando com mais profundidade vejo que não, pois o nosso processo de aprendizado envolve a experiência em várias existências, através das reencarnações sucessivas, e que nestas existem o intercambio da experiência como homem e como mulher. Hoje estou aqui estudando, aprendendo e tentando praticar as lições que Deus permite chegar até mim, na condição de homem. Mas com certeza já tive diversas experiências na condição de mulher em outras existências passadas, como terei em outras existências futuras.

            Portanto, a aplicação a regra do Manu-Samhitã quanto a mulher não pode ser injusta comparada a minha condição de homem hoje, pois a mesma regra fui submetido no passado como ainda serei no futuro, na condição de mulher. Resta saber agora qual o sentido prático para que o Senhor tenha intuído entre nós a existência dessa regra.

            Vejo que na condução de um projeto de vida não pode existir dubiedade de pensamentos e projetos divergentes entre aquele casal que se propõe a conviver. Isso seria fonte constante de conflitos e o projeto nem de um nem do outro se realizaria. Um dos dois tem que assumir o mando hierárquico da relação e o outro aceitar se for conveniente aos seus interesses individuais, porém sem jamais querer subverter o projeto do companheiro ao seu projeto individual. A mulher que deseja ser companheira de um homem, deve analisar qual é o projeto dele e ver se não é incompatível com a sua forma de querer conduzir a própria vida. Assim é importante que a verdade seja dita de forma muito transparente para que nenhum subterfúgio exista e produza enganos na companheira em busca de outros benefícios subalternos, como o prazer do corpo ou o auxílio doméstico, por exemplo.

            Neste sentido, quando a mulher consciente de toda a dimensão do pensamento, sentimentos e ações do seu candidato a parceiro, aceita-o como tal, passam a constituir uma mesma carne, assim como é dito na Bíblia.

            Isso é muito complexo e de uma grande profundidade, pois vejo o meu caso. Eu tenho o propósito de contribuir para a formação do Reino de Deus assim como Deus quer e o Mestre Jesus ensinou, com a aplicação do Amor Incondicional em todos os relacionamentos, com a prioridade máxima. Isso implica em colocar em posição subalterna o amor romântico que estrutura as bases da família tradicional e em nossa cultura atual. Portanto a mulher que me aceitar com este paradigma, deverá estar preparada para suportar o meu envolvimento afetivo com outras mulheres, inclusive com possibilidade de chegar ao nível sexual com geração de outra linha de companheirismo que rouba tempo e afeto de si. A minha companheira deve entender e sentir que esse projeto meu também é o projeto dela, pois foi ela que assim sabendo me escolheu. Deve dominar suas emoções negativas baseadas no amor romântico e sentir o mesmo amor e solidariedade que sinto pela nova companheira.

            Essa é uma quebra radical no modo de sentir e agir das mulheres que estão hoje dentro de nossa cultura. Mas tanto o Baghavad Gita quanto a Bíblia dão suporte ao meu pensamento, no sentido de eu como homem, ter recebido a intuição divina de proceder dessa forma, não ser desviado do caminho pelo propósito individual de minhas prováveis companheiras. Estou preparado para agir com transparência com elas e viver sozinho se nenhuma sente que o meu companheirismo não atende as suas necessidades existenciais.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/09/2013 às 00h01
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.