Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
04/10/2013 00h01
COMO FAZIA FRANCISCO

            Minha curiosidade levou-me a perguntar desde cedo: quem sou? De onde vim? Para onde vou?

            Encontrei ao longo da senda inúmeros ídolos formados pelo medo ou ganância dos povos, ídolos mentirosos que se alimentam do suor dos ignorantes em troca de uma segurança imaginária. Senti o cansaço em minha alma inquieta, mas o anseio de uma vida superior a esta, sempre mantinha viva minha esperança como um braseiro vivo de ideal, mesmo que sob uma espessa camada das cinzas do desencanto.

            Nos momentos de desespero eu recorria à sabedoria e examinava o cosmo, o micro e o macro. Reconhecia a estreiteza do meu ser, do círculo ínfimo em que respiro e até do Lar Cósmico em que me abrigo. Aprendi sobre os planetas, os sóis, as galáxias... os confins do universo onde minha inteligência não tem acesso. Aprendi sobre a intimidade da célula, do átomo, dos elétrons partículas/ondas, das incertezas prováveis, da consciência colapsando o universo...

            Deslumbrado percebi que não existe vácuo, tudo tem uma utilidade e que a vida encontra o berço numa simples gota d’água e que é a essência dos incomensuráveis sistemas siderais. Na laboriosa tarefa de descobrimento de mim mesmo fui obrigado a olhar para o chão, para o barro que formou meu corpo e que pelo sopro divino do Amor surgiu a minha alma que o animou.

            Agora estou aqui, confinado a um reduzido agrupamento consanguíneo, dos meus parentes organizados pela engenharia dos renascimentos, a qual se ajusta a uma equipe de interesses passageiros ou definitivos, de colegas, amigos, amantes, companheiros... É nesse contexto que surgem as inquietações e até exigências, do ciúme, da cobiça, do egoísmo, da dor... Parece que ninguém sabe dar sem receber, não consegue ajudar sem reclamar, e criando o choque da exigência para os outros, recolhe dos outros os choques sempre renovados da incompreensão e da discórdia, com raras possibilidades de auxiliar e de auxiliar-se.

            Vejo a majestade divina do Pai no Universo, na Natureza e me identifico como um pobre indigente filho Seu, com o cérebro inflamado em busca de glória e o coração preenchido ainda pelas sombras do egoísmo. Orgulho-me frente ao espetáculo magnificente do alto padrão do meu Pai e padeço a miséria do padrão baixo que ainda não consegui elevar.

            Desejo comunicar aos outros o quanto aprendi da vida, principalmente com o Mestre Jesus, o quanto é bela a contemplação da vida eterna, mas muitas vezes esqueço ou sou tímido dessa minha obrigação, mas também encontro poucos ouvidos que se interessem, que me entendam.

            Percebo que o Amor nesta Terra de expiações é como ainda um oásis fechado, poucos sabem onde está, muitos nem acreditam existir, imaginam ser apenas a loucura de alguns santos.

            Assim compreendendo procuro partir os elos que me prendem à estreita família nuclear, o modelo e paradigma do mundo. Procuro despertar para a grandeza da criação e contribuir para a construção do Reino de Deus, assim como Ele me determinou. Dessa forma eu ando pela Terra, à maneira do viajante incompreendido e desajustado, peregrino sem pátria e sem lar, a me sentir um grão infinitesimal de poeira nos Domínios Celestiais, assim como fazia Francisco de Assis, cuja data de hoje reverenciamos.

            Sinto que se alarga a acústica de minha alma, percebo agora as intuições do Pai e dos bons espíritos que entendem minhas intenções; embora os sofrimentos dos atos raivosos e preconceituosos de pessoas intolerantes e ignorantes dos desígnios de Deus me aflijam e abram chagas na minha alma assim como abriu chagas no corpo de São Francisco; estou edificando os fundamentos espirituais da nova humanidade que habitará no Reino de Deus.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/10/2013 às 00h01
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