Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/10/2013 00h01
SOU MISSIONÁRIO?

            Ainda preocupado com a crítica que recebi, da falsidade da compreensão que tenho de ter recebido do Pai uma missão a desenvolver, por eu ser um espírito ainda muito imperfeito, que não tenho essa capacidade de receber tamanho encargo, nas minhas leituras regulares deparei-me com o seguinte  texto no “O Livro dos Espíritos”:

            273 – Um homem pertencente a uma raça civilizada, por expiação, poderia encarnar numa raça selvagem?

            Sim, mas isso depende do gênero da expiação; um senhor que foi duro para os seus escravos poderá vir a ser escravo, a seu turno, e sofrer os maus tratos que fez suportar. Aquele que um dia comandou pode, numa nova existência, obedecer àqueles mesmos que se curvaram à sua vontade. É uma expiação se ele abusou de seu poder e Deus a pode impor-lhe. Um bom Espírito pode, também, para ajudar-lhe o progresso, escolher uma existência influente entre esses povos, e então é uma missão.

            Antes de entrar nas considerações faço a seguinte observação: não deixo de considerar essas coincidências como a forma de operar a sabedoria divina. Como é que num momento em que fui atacado nas minhas convicções de modo tão contundente e racional, por minha ex-companheira e filho, minando a compreensão do meu modo de agir dentro de um planejamento divino, quase no mesmo momento surge um texto como esse, sem que eu tenha ido à sua procura para defender o pensamento atacado? Podem muito bem pensarem que não é assim, mas eu prefiro acreditar que seja a sabedoria do Pai trazendo os argumentos necessários para alimentar os princípios ainda fracos na minha memória e inteligência para eu me manter firme no propósito que Ele tem para mim.

            Pois bem, o que os Espíritos querem ensinar com essa resposta da questão 273? Primeiro que, se desobedecemos a Lei do Amor, inevitavelmente teremos que pagar o preço de nossas falhas, geralmente na mesma condição malsã que proporcionamos ao próximo.  Então, a crítica que é feita para mim quanto o meu comportamento de manter um amor inclusivo nas relações afetivas e que isso obrigatoriamente gera os frequentes momentos de ausências junto aos companheiros e filhos, é um comportamento malsadio, prejudicial, que ofende a terceiros, machuca o próximo. Acontece que no meu entendimento esse afastamento que proporciono às pessoas da minha convivência é necessário para a implementação do propósito espiritual que abracei como correto. Da mesma forma que as pessoas da minha convivência tolerariam o meu afastamento por 15 dias ou mais, caso eu trabalhasse numa empresa como a PETROBRAS, compreendo que minhas companheiras e filhos deveriam entender esse meu afastamento por princípios espirituais. Apesar de falar a verdade sobre o meu comportamento, da possibilidade de envolver-me com outras pessoas e criar novos relacionamentos afetivos, íntimos, a qualquer momento, as pessoas resolvem conviver comigo nessas circunstâncias e ao mesmo tempo fazendo severas críticas ao procedimento. Jamais eu disse que este meu comportamento era errado e que eu iria o corrigir, como tento corrigir a gula e a preguiça. Pelo contrário, digo exatamente que é isso que o Pai quer que eu faça, amar de forma incondicional, sem preconceitos de qualquer natureza, indo até a profundidade da relação íntima se for conveniente, com potencial gerador de filhos.

            Também espero que meus filhos gerados desse tipo de relação tenham o conhecimento de minhas justificativas, de que o seu pai cumpre uma missão quando passa tanto tempo afastado de suas convivências, da mesma forma que passaria se os compromissos materiais exigissem sua permanência por 15 dias ou mais em plataforma em alto mar. Eu esperaria ser recebido com alegria e fulgor vindo dos meus compromissos espirituais, da mesma forma que seria recebido vindo dos compromissos materiais.  

            Outra condição que mostra que não estou ofendendo a Lei do Amor, é que em outra convocação do Pai estou disposto a entrar na vida na condição de mulher, encontrar um homem que tenha recebido do Pai uma missão semelhante a que tenho hoje, absorver essa missão como minha própria, tentar com todas minhas forças eliminar as resistências da feminilidade de querer a exclusividade do amor, dos cuidados do companheiro exclusivamente para mim e para meus filhos. Seria uma outra missão que eu absorveria do Pai de bom grado, que também visa a construção do Seu Reino na Terra. Eu seria a mulher que iria receber a crítica de todas as minhas colegas quanto o companheiro passar tanto tempo na companhia de outras, e até colaborar com a harmonia e bem estar de cada uma delas nesse contexto familiar mais amplo; consideraria elas como irmãs muito mais próxima do que as outras mulheres que não fazem parte desse círculo afetivo e tudo faria para as proteger como sei que elas são orientadas a fazerem o mesmo comigo. Estaria convicta de que meu companheiro estava construindo o Reino de Deus e que eu tinha uma participação importante nesse projeto, como carne de sua carne.

            Finalmente, deixando de lado todo tipo de modéstia, eu me considero uma pessoa boa. Perfeito não, mas boa sim! As maldades que faço inconscientemente devido o meu grau de imperfeição, assim que eu as identifico como tal procuro corrigi-las de imediato. Então, vendo a sociedade onde estou mergulhado na carne, com tanta busca de interesses materialistas e egoístas ao extremo e que predominam em todo o globo, eu me comparo como uma alma colocada um pouco acima da média desse comportamento coletivo. Estou seguindo um pensamento aliado as lições que nosso Mestre maior, Jesus Cristo nos deixou, de construir o Reino de Deus a partir da reforma íntima e de fazer ao próximo aquilo que deseja ser feito a mim. Então, de posse dessas ferramentas e da convicção de que sigo a vontade do Pai é que eu me considero como um Missionário.

            Mesmo porque na palavra “Missionário” eu não faço uma denotação ou conotação especialíssima. Acredito que todos nós, encarnados neste planeta de provas e expiações temos cada um a seu modo e necessidades uma missão a cumprir. Mesmo que seja casar dentro dos princípios tradicionais, gerar filhos e se dedicar a eles com exclusividade para manter e aprimorar a carga genética sob sua responsabilidade, com honestidade e princípios de solidariedade.  

            Assim sendo, minha missão diferencia um tanto das demais missões dos irmãos ao meu redor. As missões da maioria de meus irmãos, por serem tão comuns, parecidas umas com as outras, não chamam tanta a atenção quanto a missão de uma pessoa como eu, com tão fortes convicções reforçadas cotidianamente por textos como este que avaliei. Mesmo assim, peço a compaixão dos irmãos, próximos ou distantes, biológicos ou espirituais, para o tremendo erro que talvez a minha imperfeição humana esteja cometendo. Enquanto isso não aconteça, enquanto o possível erro não seja descoberto, eu me sinto confortável ao lado do Pai e cumprindo a Sua vontade.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/10/2013 às 00h01
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