Fico impressionado e ao mesmo tempo com o sentimento de total ignorância quanto aos caminhos de Deus, o que Ele deseja para cada filho, conforme os caminhos que coloca à nossa disposição, e conforme ver dentro de nossos corações, de nossas convicções.
Nesta viagem que fiz a Campo Mourão, à casa dos avôs paternos do meu sobrinho, fiz esta reflexão. A avó dele tem descendência alemã, da Baviera. Um povo que primava pela pureza racial e que chegou até a provocar uma guerra mundial por esse motivo. Nós aqui do Brasil, temos uma descendência multivariada, geralmente associada a extremo grau de pobreza, principalmente no nordeste do país. Foi dado a oportunidade do encontro das duas famílias e daí foi gerado um filho, motivo do nosso encontro atual. Os conflitos que existiram no início foram apagados pelo tempo.
Na leitura de conteúdo espiritual que fizemos, usamos um livro de forma improvisada que em tudo mostrava ter ali também o “dedo de Deus”. O texto era intitulado “Expulsos da terra”. Falava de pessoas que foram expulsos de onde moravam, suas casas foram queimadas pela ganância de outros, que as pessoas choravam sobre o abandono em que se encontravam. Logo abaixo vinha a interpretação dos textos divinos que condenam o egoísmo dos homens, quem não se vêem como irmãos, e que tendem a se explorar uns aos outros.
Nós como sempre fazemos, depois da leitura do texto, fizemos a interpretação, dando a oportunidade de cada um se manifestar, a partir do menor de idade para o de maior idade. Na minha vez de falar, disse que a leitura do texto lembrava muito o que aconteceu com minha família. Saímos da cidade onde nasci para outra vizinha por questões familiares; minha mãe e meus irmãos deixaram o estado em que nasceram e foram para outro estado por questões econômicas. Para sobreviverem do trabalho honesto, sem qualificação, minha mãe e irmãs foram trabalhar como empregadas domésticas. Passavam a semana inteira fora do lar e os filhos menores sendo cuidados pelo filho menor de maior idade. Nessa condição ficavam expostos aos perigos que a natureza oferece.
Não entrei nos detalhes do envolvimento afetivo que aconteceu entre o filho deles e a nossa irmã e que causou tanto conflito. Acredito que isso não era necessário, todos deviam saber das implicações do que estava em reflexão.
Finalmente saímos de Campo Mourão com a sensação de que cumprimos a vontade de Deus, nas decisões que tomamos. Fizemos o que parecia bom ao nível do coração e alma.