Jesus dizia: “A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? É como um grão de mostarda que alguém pegou e semeou no seu jardim: cresceu, tornou-se um arbusto, e os pássaros do céu foram fazer ninhos nos seus ramos”. Jesus disse ainda: “Com que mais poderei comparar o Reino de Deus? É como o fermento que uma mulher pegou e escondeu em três porções de farinha, até tudo ficar fermentado”.
Jesus quer ensinar com essas parábolas como se constrói o Reino de Deus. Fala da semente de mostarda e do fermento como motor principal dessa ação. Com que então podemos comparar esses dois atores (semente de mostarda e fermento) com algo da nossa vida cotidiana? O que terá esse potencial de crescimento, saindo do pequeno/pouco para se tornar grande e envolvente? A árvore crescida abriga todos os pássaros; o pão fermentado alimenta tudo que é fome! Olhando ao redor muitas coisas podem se desenvolver do pequeno/pouco para o grande/muito, mas sem a característica do ser envolvente em todos/tudo. Somente uma força pode adquirir essa característica, do pequeno/pouco para o grande/muito com capacidade de envolvimento em todos/tudo: o Amor Incondicional.
Devemos ter o cuidado com a forma de amar que muitos não consideram distinção, ou consideram o amor incondicional de difícil ou impossível aplicação. Alguns consideram o amor materno como o mais puro que existe dentro da humanidade. Não percebem o extremo grau de egoísmo que ele permite, da mãe pelo seu próprio filho, do exclusivismo dos outros filhos de outras mães. Esse amor pode até desenvolver-se e crescer bastante, mas nunca incluirá o filho de outras mães, como ele existe com o seu próprio filho, pois se isso acontece, deixa de ser amor materno para ser amor incondicional. Da mesma forma acontece com todos os outros tipos de amores: paterno, fraterno, filial, romântico, etc... todos tem o potencial de crescimento, mas não de envolvimento global.
Sabendo agora ao que corresponde essa semente cabe a nós semear em nossos corações. Vamos perceber de imediato que o coração não é um terreno pronto para essa germinação e crescimento. O egoísmo presente dentro dele desde o nascimento corresponde a aridez que pode impedir a simples germinação. Mas se queremos seguir a lição do Mestre, devemos usar a razão e a vontade para dobrar a força do egoísmo intrínseco à natureza animal e deixar a semente do amor incondicional germinar. Pode ser até um ato forçado no início, lutamos contra nossos instintos, abraçamos adversários reais ou imaginários, perdoamos, compreendemos, toleramos, tudo isso de forma forçada pela vontade que está aliada aos ensinamentos do Cristo. Podemos até fazer o que não queremos, forçados pela força dos instintos egoístas como acontecia com o apóstolo Paulo, que “queria fazer o que achava certo, mas terminava por fazer o que considerava errado, pecado”. Tudo isso é o processo de germinação do Amor Incondicional.
Depois de germinado vem o processo do crescimento do Amor Incondicional com o seu potencial de envolvimento cada vez mais amplo, o que desperta reações as mais diversas ao redor, das pessoas que se beneficiavam de diversas formas com o exclusivismo das relações.
Muitos são os cristãos, mas pouquíssimos aqueles que compreendem essa parábola de Jesus com essa amplitude, e dentre os pouquíssimos que compreendem, raros são aqueles que enfrentam essa germinação e crescimento do Amor Incondicional dentro de si como forma de iniciar o Reino de Deus.
Mas o papel do cristão, daquele que reconhece Jesus como seu guia e mentor conforme a vontade divina, deve estudar Suas lições, compreender o sentido de Sua missão e procurar aplicar na vida cotidiana as nossas responsabilidades. Caso isso não aconteça, podemos cair na hipocrisia, o maior de todos os pecados.