Pai, não sei mais o que pedir... tenho vergonha... tanto que peço, que prometo, e nada cumpro!
Tanto trabalho a fazer e eu já sei o que queres de mim... no entanto fico parado no tempo... o trabalho que queres, não faço!
Não sei mais o que Te pedir... peço que faças de mim instrumento de Vossa vontade, mas sei que respeitas o livre arbítrio dos Teus filhos... e parece que sou refém do meu livre arbítrio... não faço o que prometo, o que sei que Tu queres!
Eu sinto o Teu amor por mim, apesar da minha fraqueza, incompetência... e por isso sinto vergonha... um mísero grão de poeira criado neste universo sem fim... O Criador me delega uma missão e eu não encontro ânimo para realizá-la...
Para onde eu olho, até onde a vista alcança, eu vejo o poder de Vossa realização; no céu, no mar, nas nuvens preguiçosas, nas ondas repetitivas... eu sinto o Teu toque através da brisa no corpo que me destes para eu sentir tudo e poder decidir sobre ele, o corpo... mas até parece que ele, o corpo, é quem decide sobre mim!
Eu hoje não Te pedirei nada, Pai, deixarei minhas lágrimas falarem por mim... deixarei meu coração egoísta sem voz, minha mente preguiçosa sem raciocinar...
Quando os primeiros raios do sol vencerem o breu da noite, vai me encontrar aqui neste texto, fazendo essa oração com os dedos...
Procurarei ser fiel pelo menos em um aspecto que Tu queres que eu seja: transparente!
Esta oração não ficará em nossa intimidade, será divulgada para mostrar o quanto um filho Teu pode ser frágil, que mesmo sabendo tudo que o Pai deseja, para a harmonia do uno e do todo, mesmo assim nada realiza, apesar de todo o preparo, de todas as condições que Vós oferecestes ao longo da minha vida.
Para mostrar aos meus irmãos que nem todos que Te ouve e que deseja fazer tua vontade, conseguem realizar o que pretende, o que promete...
Para mostrar aqueles que como eu não realizam o que Te promete, que eles não estão sozinhos neste mundo, que outros devem existir iguais a nós e sofrem com a vergonha do reconhecimento da fraqueza espiritual...
Pelo menos Pai, para isso serei um pouco útil aos meus irmãos que pretendem fazer a Tua vontade e que sentem dificuldades, que existem pessoas como eu, que tem uma dificuldade bem maior, que tem uma fraqueza bem maior...
Sinto, Pai, até mesmo nesse momento de confissão da fraqueza, como um aluno relapso que mostra o boletim escolar vermelho ao pai, o sofrimento que ambos sentimos... enquanto eu bato as pálpebras e sinto a cada movimento desse a queda de lágrimas, também sinto que na nuvem escura que acaba de tapar a luz do sol e deixar cair gotas de chuva, como se fosse o sentimento do Teu sofrimento por mim...
Lembro que da mesma forma Tu sofrestes pelo Teu filho mais amado, quando Ele expirou na cruz e Tu fizestes o sol escurecer, a terra tremer e tempestade cair com relâmpagos e trovoadas...
São essas gotas frias da chuva que se misturam com minhas gotas quentes das lágrimas, a carícia que meu espírito recebe de vós e interpreta que eu estou coberto por Vossa compaixão, que não serei abandonado, que continuo sendo amado...
Assim, Pai, minha resposta para Ti é que eu continuarei tentando!