Após o texto que fiz ontem continuei com as leituras diárias nos seis livros que deixo em destaque sobre a mesa: Bíblia Sagrada, Bhagavad Gita, O Livro dos Espíritos, Boa Semente (devocional 2013), Pão Diário, e Pérolas de Sabedoria (seleções dos escritos do Báb, Bahá’u’llah e Abdu’l-Bahá para meditação diária). Nos dois últimos encontrei informações como se fossem respostas ao meu comportamento na visita do meu amigo.
No Pão Diário estava colocado o seguinte:
... A conservação dos nossos pertences e moradias requer atenção constante. Precisamos lavar, tirar as pragas e consertar continuamente a nossa propriedade. Saia de férias um mês, por negligência ou guerra, e a natureza desordenada começa a tomar controle.
O mesmo se aplica a nossa vida pessoal. Nossos corpos precisam de exercícios para manter-se em forma, as mentes precisam de bons livros e conversações para manterem-se aguçadas, nossas almas devem cultivar as práticas espirituais para relacionar-se com Deus. Tão difícil quanto contatar um velho amigo de quem não temos notícia é ler a Bíblia e orar quando não nos disciplinamos em praticar a fé.
Jesus disse que o Seu Reino é como as sementes que caíram em solo rochoso, no espinheiro e em solo bom. As pessoas rochosas não têm profundidade e esmorecem sob pressão; as espinhosas permitem que “... os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas...” sufoquem a palavra, enquanto os cristãos fiéis frutificam - “... a cem, a sessenta e a trinta por um” (Mateus 13:22-23).
A diferença não está na semente, mas no solo. Se o jardim da sua vida estiver com excesso de ervas daninhas e pedras, não se desespere. Busque a força e a sabedoria de Deus enquanto prepara o solo. (Mike Wittmer).
Esta é uma resposta que veio se aplicar diretamente ao pensamento do meu amigo e que se distancia exponencialmente do meu. Ele acredita, no seu pensamento ateísta, que toda a evolução organizada da natureza se dá através do movimento desordenado do caos que iniciou no princípio das eras, vai até um certo ponto de organização e depois tudo volta ao caos, para tudo se repetir mais uma vez e assim eternamente. A nossa condição de vida é apenas um acidente nesse percurso e quando a morte chegar para o corpo físico, tudo que conquistamos se perde na decomposição das células. O que apenas resta são os filhos, quando estes são produzidos. Não há necessidade de Deus em nenhum momento da criação e de sua manutenção.
A leitura mostra com extrema simplicidade que uma simples casa colocada sob a tendência dessa desordem da natureza ela irá deteriorar e logo se confundirá com o caos. Toda a organização que ela tinha se perde, nada do que não tinha foi adquirido. É como uma demonstração prática de que essa capacidade organizativa do caos não existe dentro da natureza, que uma inteligência deve funcionar com o trabalho para impor a ordem e a organização. Sei que essa leitura atinge com mais eficácia quem já possui uma espiritualidade desenvolvida e que percebe a inteligência de Deus nos escritos humanos carregados de interesses subalternos. Sei que ele ao ler esse mesmo texto que li não vai encontrar nada de conversa de um Deus que ele não acredita. Então, Deus não pode conversar com ele através desses recursos tão fáceis para mim. Mas Deus tem alternativas de conversar com Ele. Uma é através de mim que consigo já ler Suas mensagens em diversos aspectos da vida e que pretendo ser o Seu porta-voz. Então Ele me deu esse argumento justamente para isso.
No livro seguinte (Pérolas de Sabedoria) a advertência é dirigida para mim:
... Incumbe a todos os homens, cada um de acordo com sua capacidade, refutarem os argumentos dos que têm atacado a fé de Deus.
E conclui a advertência no texto seguinte:
Quando não se esforçam para difundir a Mensagem, os amigos deixam de se lembrar de Deus de um modo digno, e não haverão de testemunhar os sinais de ajuda e confirmação que vêm do Reino de Deus, nem compreender os mistérios divinos. Quando, porém, a língua do instrutor se ocupar do ensino, ele próprio será, naturalmente estimulado, se tornará um ímã que atrai a ajuda divina e as graças do Reino, e será como uma ave, na hora do alvorecer, que se extasia com sua própria canção, seu chilrear e sua melodia.
Tudo isso tem para mim o significado de uma tutoria de Deus muito presente em minha vida. Ele observa todos meus pensamentos, sonda o meu coração e verifica minhas intenções, confere meu comportamento e ver onde estão minhas falhas. Então com a Sua sabedoria coloca lições corretivas ao meu alcance, e que minha ínfima sabedoria não consegue compreender como isso é organizado e previsto. Como é que esses dois livros, escritos por pessoas tão diferentes, que nunca se conheceram, que possuem tipos de fé diferentes, colocam mensagem que servem aos propósitos de Deus, e que eu coloco essas mensagens numa sequência de leitura cujo momento se aplica justamente onde é mais necessário? Sei que tem a posição ateísta de que isso obedece simplesmente a lei das probabilidades, que existem tantos escritos com o mesmo sentido e muitos deles se repetindo constantemente, como os versículos da Bíblia Sagrada, que não se torna muito difícil encontrar algo que se aplique a uma circunstância de vida dentro de seis livros que se lê diariamente, com a mesma temática. Ainda mais se essa pessoa, como eu, procura ver os Sinais de Deus a todo instante, em qualquer meio de comunicação, em qualquer circunstância formada; uma pessoa que aceita sem tergiversões a existência de Deus como inteligência criadora do Universo cuja principal força é exercida na sabedoria do amor Incondicional.
Entendo a preocupação do meu amigo, até mesmo com a minha sanidade mental, pois quanto mais eu aceito “essas mensagens de Deus” para a efetivação da missão que Ele me deu, mais eu me afasto dos interesses do mundo material, tento transmutar dentro da minha consciência do egoísmo da matéria para o altruísmo do espírito.
Esse exemplo que eu coloquei acima com relação a conversa que Deus teve comigo através dos textos e que se relaciona com os pensamentos e comportamento dele, talvez não sirva para promover a conversão do meu amigo, sei que isso é difícil e um processo de profunda reflexão. Mas serve para que ele entenda como está o meu nível de comunicação com Deus, que Ele tem uma existência real para mim, que está presente em todos os momentos da minha vida, que tem o cuidado de me orientar, ensinar e advertir. Que eu O considero meu Pai, o Pai primordial que tudo criou inclusive a mim, a ele, e a todos.