Geralmente os frutos da Sabedoria são instruídos pelas palavras. Infelizmente poucas pessoas dão atenção às palavras carreadas de Sabedoria que ouvem. Tem uma história que envolve o ex-presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, que fala sobre essa desatenção com as palavras. Ele não apreciava as longas filas de recepção que precisava aturar na Casa Branca. Reclamava que ninguém realmente prestava qualquer atenção às palavras ditas durante os cumprimentos. Um dia ele decidiu fazer uma experiência. A cada pessoa da fila para apertar a sua mão, murmurava: “Matei minha avó hoje de manhã”. Os convidados respondiam com frases como: “Maravilhoso!”, “Continue assim”, “Deus o abençoe, Senhor”.
A experiência foi bem sucedida ao provar sua teoria. E também provou uma triste realidade: freqüentemente não escutamos com atenção. No livro Provérbios (Bíblia Sagrada) encontramos uma riqueza com respeito ao cuidado que devemos ter com as palavras. “Quem responde antes de ouvir, passa por tolo e se cobre de confusão (18:13); O que você diz pode salvar ou destruir uma vida (v.21); Palavras podem esmagar o espírito, e um espírito esmagado é mais insuportável que um corpo doente (v.14); Palavras podem separar amigos, e um amigo ofendido resiste mais que uma fortaleza (v.19); Devemos dar ouvidos aos fatos, escutar com ouvido de discernimento e desentocar os fatos (v.13); Devemos escutar com ouvidos abertos, não permita que certas palavras e frases gerem o preconceito contra o escutar objetivamente, e não evite escutar coisas que você possa considerar difíceis demais de compreender (v.15); Devemos ouvir os dois lados de uma disputa, é tolo concluir e julgar precipitadamente, os sábios dedicam tempo a discernir (v.17).”
O sentido da instrução é veiculado pela palavra para nos dar condições de absorver Sabedoria. Isso significa que ao prestarmos atenção e discernir com cuidado as palavras que nos chegam aos sentidos, estamos absorvendo assim a essência do Criador: Sabedoria e Amor. Pode ser considerado um culto à Deus. Mas esse culto à Deus é menosprezado pelo ignorante, pelo pecador mergulhado no erro.
Eu, que desejo ardentemente a Sabedoria, sei que devo ser justo com o que aprendo, comigo e com os outros. Vale a lição de Jesus: amar ao próximo como a si mesmo. Se adquiro Sabedoria e aplico com justiça aos outros, devo aplicar com justiça também a mim. Neste ponto de reflexão, vem à minha consciência que devo reformular o julgamento que tenho de mim com relação a preguiça. Estou compreendendo que todo este trabalho que tenho com minha instrução, de ler e ouvir as palavras com atenção serve a um objetivo maior, de adquirir Sabedoria. Não pode ser menosprezado e deixado como uma atividade secundária que não merece ser contabilizada no rol das utilidades. Ao fazer assim surge um tempo significativo que devoto a essa labuta, que tira a forte pecha de preguiça que pairava na minha consciência. Claro que ainda possuo aspectos ligados à ociosidade, a um descanso ou lazer excessivo, mas não é um marcador tão forte de preguiça como estava entendendo antes.
Também chego a conclusão que meus amigos encarnados tinham certa razão quando não concordavam com o meu próprio julgamento de preguiçoso. Agora fica apenas a advertência que eles fazem, de que a minha forma de comportamento, nessa defesa teórica e pratica do Amor Incondicional nos relacionamentos, traz mais mal do que bem nas lições que promovo, nos frutos que distribuo. Aqui se dá o contrário, a minha consciência não acusa culpa, mesmo que eu veja o sofrimento apontado por meus amigos. Mas os espíritos me aliviam dessa culpa quando dizem que cada um será recompensado segundo suas obras, o bem que quis fazer e a retidão de suas intenções.