O sexo é uma energia potente que envolve nossa vida a partir do corpo físico na qual se manifesta sob a orquestra dos hormônios. É um dos dois principais instintos que possuímos: preservação da própria vida (fome); e preservação da espécie (sexo). Esta então é a finalidade última do sexo: a reprodução dos seres biológicos e assim a garantia da manutenção da vida no campo material.
Estamos acostumados a controlar a força do instinto sexual com a instituição do casamento que leva a formação da família nuclear e o impedimento de sexo com qualquer outra pessoa a não ser a esposa/marido. Esse acordo tácito aceito pelos nubentes e referendado por nossa cultura ocidental é frequentemente rompido, geralmente pelo lado masculino. No entanto, as famílias persistem, sabendo ou não do ocorrido, com forte tendência à hipocrisia, querendo passar aos outros que o compromisso inicial de fidelidade à exclusividade ainda existe, e que todos devem se comportar como tal.
Além desse grande pecado que é a hipocrisia gerada dentro das famílias nucleares, existe a fermentação do egoísmo que tudo quer para si e os parentes, de preferência consangüíneos no grau mais próximo, que é a fonte de todos os males sobre o planeta, a partir da doença moral sobre a humanidade.
Então, já que esse é um padrão que se generaliza sobre a humanidade, mesmo que em certas culturas a formação de famílias nucleares obedeçam a formatos diferentes, vamos sempre observar a geração do egoísmo em suas bases. As lições do Amor Incondicional como pré-requisito na formação do Reino de Deus, como foi ensinado por Jesus, esbarra nessa estrutura familiar, que forma a base da sociedade atual. Por mais que ensinemos o Amor Incondicional nos livros de ética ou de religião, sempre observamos o egoísmo latente, implícito ou explicito dentro das famílias. Os atos de solidariedade que observamos em muitas pessoas a favor dos humildes e miseráveis, são apenas atos de caridade emergencial para a preservação da vida e tentar o resgate da dignidade humana. Os próprios membros das famílias são os protagonistas dessa solidariedade, mas sempre mantendo dentro da sua família nuclear o comportamento egoísta de querer sempre o melhor para si e os “seus”, mesmo que isso prejudique o interesse da muitos.
Foi observando esses aspectos do sexo e da família e não querendo cair no campo da hipocrisia, que eu passei a estudar com mais atenção essa força instintiva e a cultura social que tenta controlá-la. Eu já estava dentro dela, era casado e vivia tranqüilo com minha família nuclear. Porém a força instintiva do sexo me estimulava para outros relacionamentos e como eu já estudava sobre o Amor, vi que eu tinha que resolver essa equação: manter a minha qualidade de vida; viver de acordo com a minha consciência, onde está a Lei de Deus; não cair na hipocrisia de fazer o sexo escondido com outra pessoa e passar a idéia para todos que continuava fiel ao meu compromisso de exclusividade; utilizar o sexo como mais uma ferramenta de expressão do Amor Incondicional.
Com esse propósito passei a estudar em diversos livros, técnicos e espirituais, como resolver essa questão. Entre todos, onde encontrei mais respostas para minhas dúvidas, com coerência e aplicabilidade prática, foram nos livros instruídos dentro da doutrina dos Espíritos. Abaixo coloco duas citações que exemplifica bem o que estou dizendo:
“Ainda assim, mergulhado em deploráveis desvios, pergunta o homem pela educação sexual, exigindo-lhe os programas. Sim, semelhantes programas poderão ser úteis; todavia, apenas quando espalhar-se a santa noção de divindade do poder criador, porque, enquanto houver imundície no coração de quem analise ou de quem ensine, os métodos não passarão de coisas igualmente imundas.” Emmanuel (Pão Nosso – F.C.Xavier – FEB, Lição 94 – Sexo).
“Ao invés da educação sexual pela satisfação dos instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a compreensão sagrada do sexo.” Emmanuel (O consolador – F.C.Xavier – FEB – Perg. 184)
Essas duas citações mostram bem a tônica do estudo que eu precisava fazer, que eu deveria considerar o sexo como uma expressão divina do poder criador e fazer um esforço para a faxina do meu coração, para tirar toda a imundície armazenada, como condição para analisar, praticar e ensinar. Aprender tudo sobre o instinto sexual, de sua importância biológica na preservação da espécie, do intenso prazer que proporciona, mas que é fundamental a educação da alma para a compreensão sagrada desses impulsos biológicos e as relações e compromissos que são formados como conseqüência da prática.
Este foi o caminho que Deus apontou para mim e que aceitei de bom grado, com alegria e Amor no coração, procurando cumprir, sem me intimidar com os obstáculos dos preconceitos. Posso estar errado em muitos aspectos, mas estarei sempre pronto para corrigir qualquer erro, desde que identificado.