O trabalho foi apresentado. A minha conduta frente aos relacionamentos íntimos sob a tônica do Evangelho foi apresentado na forma de estudo de caso. Não me identifiquei como o paciente que era apresentado e isso tinha o objetivo de facilitar a discussão e crítica sobre o conteúdo. Mesmo que no final tenha sido reconhecido pelas pessoas que me conhecem em maior profundidade que o paciente apresentado tinha um comportamento muito parecido com o meu. Apesar disso não foi necessário fazer a identificação do paciente, e acredito que tenha sido mais conveniente, uma vez que a palestra foi filmada na íntegra e que tem o potencial de ser discutida de forma mais ampla nas redes sociais.
Com relação as críticas e observações que surgiram após a apresentação, vou tentar colocar as mais contundentes.
Foi colocada a validade do processo terapêutico no sentido de diluir a crise existencial que motivou a procura do paciente por terapia. Ele hoje vive mais confortável do que antes. Apenas um detalhe foi destacado nessa crítica, a de que o paciente continua a sofrer pelas pessoas que convivem com ele e que desejam que ele mude seus pensamentos e forma de agir. Acredita que ele ainda não está amadurecido, pois deixa manifestar no seu emocional esse sofrimento.
Outra crítica levantada é que o paciente decidiu com uma pessoa que estava próxima, mas não avaliou no sofrimento de quem estava distante. Não fiz os reparos na ocasião, pois o tempo era curto e o objetivo maior era ouvir as diversas críticas da platéia. Mas agora eu faço os reparos às críticas. Eu não poderia conter meu comportamento natural do desenvolvimento da simpatia, amizade e desejo sexual por uma pessoa devido um contrato feito com uma terceira pessoa. Seria colocar a lei de Deus (Natureza) em segundo plano. Eu devia sim, ser justo com a terceira pessoa e dar a ela os mesmos direitos que eu estava descobrindo ter para mim. Mesmo porque se eu decidisse fazer esse bloqueio do desejo, de tirar ele do campo de minha consciência, eu não iria conseguir, como tentei e não consegui, por várias vezes e por muito tempo. O sinal desse fracasso era a perda da qualidade de vida que eu percebia que estava acontecendo. É claro, eu poderia assumir esse prejuízo e viver o resto da vida com essa perda de qualidade, mas eu estava à procura de manter um relacionamento constante, fraterno, harmônico, saudável e completo.
Voltou a ser criticado o caso de que o paciente deveria ter evitado manter o desejo do sexo extra-conjugal na mente, pois isso foi o fator que levou à mudança de paradigma. É o mesmo argumento que já defendi antes. A tentativa de manter esse desejo fora do campo mental iria repercutir na qualidade de vida que se estenderia por toda existência.
Foi feito também comentários favoráveis quanto a capacidade financeira do homem que se envolve com várias mulheres e que tem condições de manter todas com um bom nível de vida, inclusive os filhos que surgem desse relacionamento. Não é bem o que eu queria mostrar, pois isso é verificado realmente na comunidade, mas dentro completamente da hipocrisia social que é denunciado. O que é defendido aqui é que o Amor Incondicional seja exercido através até mesmo da sexualidade e que os parceiros tenham a sua independência em todos os níveis, social, emocional, acadêmico, financeiro, etc. o laço que faz a união é apenas o amor e que daí pode se espalhar de forma democrática pelo entorno existencial de cada pessoa. É isso que irá dar a condição de família universal, de base para o Reino de Deus.
Uma forte crítica foi a de que poderia estar sendo utilizadas as lições evangélicas para justificar a realização de desejos inadequados. Isso é verdade, pode acontecer de alguém fazer, consciente ou inconscientemente essa distorção. Mas o caso foi apresentado com suas principais características e onde foi aplicado o Evangelho para a tomada de decisões. Então, se foi observada alguma distorção do Evangelho para justificar a realização dos desejos inadequados do paciente, que fossem identificados à luz da lógica e coerência. Como isso não foi feito, eu fico com a interpretação de que essa crítica serviu apenas de advertência para uma possibilidade do uso inadequado do Evangelho, mas que não se aplica ao caso.
Também foram reforçadas as críticas que o caso aponta quanto a hipocrisia generalizada que existe dentro da família tradicional.
Interessante que ao fim de toda a apresentação, quando já estávamos nos preparando para sair, o senhor que contratei para fazer a filmagem chega perto de mim e de mais duas ou três pessoas que estavam juntas e diz que a amizade e simpatia por uma amiga terminam por levar a traição conjugal. Foi mais um exemplo do que eu estava apresentando, que a Lei da Natureza está funcionando com todos e a maioria reage com hipocrisia a algo que talvez Deus queira diferente.
Finalmente, coloco aqui um aspecto que eu passei por cima na apresentação, quando disse que respeitava os paradigmas de cada pessoa. É que eu não estou querendo destruir a família tradicional, nuclear, no que ele tem de ideologia. Se as pessoas que a compõem estão dispostas a cumprir todos os requisitos com alegria no coração, harmonia entre todos, fraternidade com a sociedade, sem a exploração do mais fraco para alimentar abusivamente o seu sangue, eu não tenho nenhum reparo a fazer. Mas se quer manter o rótulo de perfeição dentro de uma estrutura social que ele não respeita na intimidade e gera com isso os mais pérfidos crimes contra o próximo, contra a humanidade, então eu sou TOTALMENTE CONTRA! E este é o papel que o Pai quer que eu faça neste momento, com as pessoas que Ele coloca ao meu lado e que tentam ser minhas companheiras nessa missão, ou desempenhar outro papel que não sei ainda bem o que é, mas com certeza o Pai sabe e eu só sei que sigo a sua vontade que ele coloca na minha consciência.