Mike Wittmer (Pão Diário, 1914) diz que “A imaginação estabelece os horizontes da vida e descortina o que é possível. As pessoas sem imaginação estão despreparadas para enfrentar o futuro. O povo americano estava cego em 11 de setembro, pois sequer imaginavam que os terroristas atirariam aviões contra edifícios. A economia mundial sofreu um declínio porque os líderes financeiros não foram capazes de conceber que os valores das moradias pudessem cair ou que instituições lendárias pudessem falir. E a mulher agnóstica ao meu lado em nosso vôo transatlântico se dirige à eternidade sem Deus, pois em suas palavras, “não consegue imaginar que existe um ser por trás das forças da Natureza”.
A imaginação não significa fazer de conta. Embora muito do que as pessoas imaginam seja fictício, os cristãos são chamados a imaginar – formar uma imagem mental – sobre o que Deus prometeu.
E o que é isso? Diferente da letra musical de John Lennon, “Imagine que não existe céu, é fácil se você tentar”, as Escrituras prometem que viveremos eternamente numa nova terra (Isaias 65: 17-25; Apocalipse 21:1-4). Jesus retornará um dia, para restaurar Sua criação, ressuscitará dos mortos e julgará os maus e viverá conosco.
Lennon deseja na canção Imagine – “Todas as pessoas compartilhando o mundo todo” e “vivendo a vida em paz” – isto acontecerá pela descida do céu à terra (Apocalipse 21:1-1), não por desejarmos mudanças em nosso mundo.
Um descrente em debate com um teólogo cristão afirmou ser incapaz de crer ser verdade o que a Bíblia diz sobre a nossa ressurreição e a terra restaurada. O teólogo respondeu que o problema não é a Bíblia, mas a imaginação deste.
As Escrituras prometem um futuro perene de paz terrena e deleite na presença de Deus. Como canta Lennon, então “o mundo viverá em unidade”. Imagine isso.
Esse texto de Mike mostra com muita clareza a forma como criamos as imagens mentais. Tudo está baseado nos paradigmas que tenhamos criado e que orientamos a vida por eles. Tanto eu como ele acreditamos no mesmo Deus, mas nossas imagens mentais são muito diferentes, pois acreditamos em coisas diferentes, temos paradigmas diferentes.
Primeiro, ele imagina que exista um “ser” que eu entendo que ele quis se referir a uma figura antropomorfizada. Esse Deus que ele acredita de forma humana, eu já imagino como uma força expressa pela inteligência, sabedoria e amor, que cria e se inclui em toda a Natureza.
Quando ele coloca a letra de Lennon para contrapor a crença da existência que ele tem do céu, eu vejo que tanto um quanto outro tem razão, pois o céu pode ser construído aqui na Terra da mesma forma que existe nos mundos superiores. Ele cita Isaías e Apocalipse para justificar sua crença e imaginação. É uma crença que aceita o sentido literal do que está escrito, mas do meu ponto de vista essa é mais uma alegoria das quais a Bíblia está repleta, desde a formação do mundo em 6 dias até a origem da humanidade a partir de um único casal.
No debate com o agnóstico ele fica surpreso porque o outro não consegue imaginar a ressurreição e a Terra restaurada como a Bíblia diz. Mas eu que acredito no mesmo Deus, mesmo que não tenha a mesma forma com a qual ele pensa, também não imagino essa descida do céu à Terra e nem na ressurreição de todos. A minha imagem mental concebe o aperfeiçoamento da Terra a partir da minha transformação moral, e de cada um de nós, e a evolução do meu espírito imortal, pois o meu corpo há muito deve ter sido decomposto pela Natureza e ajudado a criar novos corpos. Talvez até mesmo um corpo que eu venha a utilizar, com a integração de novos elementos.
Ele acredita que a harmonia e paz mundial só acontecerá pela descida do céu a Terra, como está escrito em Apocalipse. Já a minha imagem mental fica mais próxima da que John Lennon cantou, que nós é que iremos construir esse Reino de Deus com a nossa reforma íntima, cada um fazendo a faxina do egoísmo de dentro do coração e construindo a família universal.
Assim, cada um tem a forma de criar sua imagens mentais que tem o objetivo de construir a verdade. Como só existe uma só verdade, mas com diversos caminhos para se chegar até ela, quem estiver no caminho mais distorcido, lá na frente vai observar as incoerências e corrigir o que a razão lhe indicar. Esse é o nosso processo evolutivo, e não devemos ficar preocupados, pois o caminho evolutivo de todos vai em direção à Deus, e tudo conspira no Universo para que sejamos vitoriosos em nossa trajetória.