Vamos imaginar que devemos obediência em primeiríssimo plano à Lei do Amor. Que devemos seguir a bússola comportamental do “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Tenho a consciência de que a Natureza expressa a Lei de Deus nos seus mecanismos “criados”. Então, a atração afetiva que existe entre homem e mulher é uma determinação divina. O aprofundamento dessa atração até o limite da sexualidade explicita com a potencial reprodução de vida, também é determinação divina. O que entra em avaliação nesse ponto é a minha condição humana, de possuir um cérebro privilegiado que me deixa com a responsabilidade de ser ético, de não querer para o outro o que não quero para mim. Então quando estou de frente a uma possível parceira afetiva, tenho que considerar todo o contexto da minha vida e da vida dela. Do mesmo jeito que tenho minhas motivações e um plano para minha vida, assim é para a vida dela também. Não posso ser egoísta, de pensar apenas em minhas motivações e satisfazer meus desejos sem fazer essa consideração para com o próximo, sob pena de abandonar, de não usar a bússola comportamental que o Mestre nos legou. Quando, ao fazer isso, eu avalio com total honestidade e transparência de ações e motivações, que o aprofundamento afetivo é benéfico para ambos, que outra lei poderá se opor a essa que está sustentada na Lei do Amor? Poderia dizer assim, mas ele não pode fazer esse aprofundamento afetivo com essa pessoa, pois está casado com outra e devido a isso assumiu compromisso de fidelidade com ela e se o romper é sinal de traição. Sim. É verdade. Esse compromisso prévio do casamento se rompido unilateralmente caracteriza a traição conjugal. Mas está formado um conflito na consciência: por um lado a Lei do Amor permite o aprofundamento da relação afetiva com outra pessoa; por outro lado a lei humana impede esse aprofundamento afetivo com outra pessoa sob pena da traição do adultério. Posso tentar abafar a Lei do Amor e obedecer a lei do matrimônio, mas sabendo que a lei de Deus está presente na primeira lei e não na segunda. Eu reprimo toda a engenharia divina de aproximação dos corpos e das almas, em função de um compromisso conjugal que pode ter suas bases não muito éticas, para aumentar fortunas, para ampliar o poder político ou simplesmente por uma paixão carnal. Ficar dentro da lei do matrimônio ou dentro da Lei do Amor é a questão.
Parece que tomar a decisão de ficar dentro da Lei do Amor e fazer o aprofundamento afetivo que a Natureza (Deus) permitiu é o mais adequado. Do ponto de vista ético, para agir de acordo com essa decisão, eu tenho que eliminar do meu comportamento qualquer ascendência da lei do matrimônio, de obedecer a exclusividade do amor tanto para mim como para minha parceira. Essa é uma conseqüência imediata do rompimento com a lei do matrimônio. Ao fazer esse rompimento eu não estou pretendendo me locupletar com a liberdade que isso parece oferecer, de ter sexo casual com quem quer que seja, sem considerar as circunstâncias, tanto de minhas novas parceiras, como da minha antiga esposa. A primeira conseqüência é a de que, da mesma forma que eu fiz essa avaliação do meu ponto de vista e considerei ser mais lógico o aprofundamento afetivo com terceiros em obediência a Lei do Amor, as minhas companheiras, tanto as novas como as antigas, também podem fazer a mesma avaliação e decidir da mesma forma. Então o sexo fora do casamento é permitido tanto para um quanto para o outro, de forma ética, em obediência a Lei da Natureza, Lei do Amor, Lei de Deus.