Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
29/12/2013 01h15
LIVRE ARBÍTRIO

            Mais uma vez vejo a pertinência de reproduzir um dos textos das minhas leituras diárias, pois se encaixa bem com o conteúdo das reflexões que estou fazendo até agora. Encontrei em “O Livro dos Espíritos” no Livro III, capítulo X e são essas as questões e respostas:

            843 – O homem tem livre arbítrio dos seus atos?

            - Visto que ele tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem livre arbítrio o homem seria uma máquina.

            844 – O homem goza do livre arbítrio desde o seu nascimento?

            - Há liberdade de agir desde que haja liberdade de fazer. Nos primeiros tempos da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades. A criança, tendo pensamentos relacionados com as necessidades de sua idade, aplica seu livre arbítrio às coisas que lhe são necessárias.

            845 - As predisposições instintivas que o homem traz ao nascer, não são um obstáculo ao exercício do livre arbítrio?

            - As predisposições instintivas são as do espírito antes de sua encarnação. Conforme for ele mais ou menos avançado, elas podem solicitá-lo para atos repreensíveis, e ele será secundado nisso pelos espíritos que simpatizam com essas disposições, mas não há arrebatamento irresistível, quando se tem a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.

            846 – O organismo não exerce influência sobre os atos da vida? Se ele exerce influência, não o faz com prejuízo do livre arbítrio?

            - O espírito, certamente, é influenciado pela matéria que o pode entravar em suas manifestações. Eis por que, nos mundos em que os corpos são menos materiais que sobre a Terra, as faculdades se desdobram com mais liberdade, mas o instrumento não dá a faculdade. De resto é preciso distinguir aqui as faculdades morais das faculdades intelectuais; se um homem tem o instinto de homicida, é seguramente seu Espírito que o possui e que lhe transmite, mas não seus órgãos. Aquele que anula seu pensamento para não se ocupar senão com a matéria, torna-se semelhante ao bruto, e pior ainda, ele nem sonha mais em se precaver contra o mal, e é nisto que é culpado, visto que age assim por sua vontade.

            847 – A deformação das faculdades tira ao homem o livre arbítrio?

            - Aquele cuja inteligência está perturbada por uma causa qualquer, não é mais senhor do seu pensamento e, desde logo, não tem mais liberdade. Essa deformação frequentemente, é uma punição para o Espírito que, em uma existência anterior, pode ter sido vão e orgulhoso e ter feito mal uso de suas faculdades. Ele pode renascer no corpo de um idiota, como o déspota no corpo de um escravo, e o mal rico no de um mendigo; o Espírito sofre esse constrangimento, do qual tem perfeita consciência, e aí está a ação da matéria.

            848 – A aberração das faculdades intelectuais por embriaguez escusa os atos repreensíveis?

            - Não, porque o bêbado está voluntariamente privado de sua razão para satisfazer paixões brutais: em lugar de uma falta, ele comete duas.

            849 – Qual é, no homem em estado selvagem, a faculdade dominante: o instinto ou o livre arbítrio?

            - O instinto, o que não o impede de agir com uma inteira liberdade para certas coisas. Mas, como a criança, aplica essa liberdade às suas necessidades, e ela se desenvolve com a inteligência. Por conseguinte, tu que és mais esclarecido que um selvagem, és também mais responsável que ele pelo que fazes.

            850 – A posição social, algumas vezes, não é um obstáculo à inteira liberdade dos atos?

            - O mundo tem, sem dúvida, suas exigências. Deus que é justo e leva tudo em conta, mas vos deixa a responsabilidade do pouco esforço que fazeis para superar os obstáculos.

            Esse texto coloca em xeque o projeto que desenvolvo e que tenho em mente ser a vontade de Deus para a minha existência. Será que o meu livre arbítrio não está contaminado pelos desejos da carne? É isso que essas perguntas tentam levantar e que devo colocar minha opinião em cada questão e suas respostas.

            843 – Sim, tenho a consciência que tenho o meu livre arbítrio e que posso decidir em fazer o bem ou o mal.

            844 – O meu livre arbítrio se desenvolve desde o meu nascimento e cada vez que eu adquiro mais conhecimento, mais fico responsável por fazer a escolha correta entre o bem ou o mal. Foi por isso que decidi praticar o amor incondicional dentro do relacionamento homem-mulher e construir assim uma família ampliada.

            845 – As minhas predisposições herdadas constituem um desafio para a minha correta aplicação do Amor Incondicional. Herdei dos meus pais uma forte tendência à sexualidade, a geração do amor romântico e por conseqüência a libertinagem. Foi com grande senso de justiça que me mantive equilibrado e passei a usar essa força do instinto sexual para fortalecer na prática o Amor Incondicional.

            846 – Claro que o organismo tem grande influência sobre o comportamento, mas o Espírito deve se mostrar à altura de vencer as pulsões internas que procuram o prazer individual, mesmo em detrimento do bem estar do próximo.        

            847 – Depende do grau de deformação que possa existir no corpo, que deixa o homem tanto debilitado moral e intelectualmente ou também super excitado nos seus desejos egoístas. Em ambos os casos e principalmente no último, o espírito tem que se mostrar muito competente para evitar ações de prejuízo ao próximo.

            848 – A embriaguez deve ser controlada pelo Espírito, que muitas vezes se deixa dominar pelos desejos da carne e se torna escravo de suas compulsões.

            849 – O instinto é o elemento mais forte, mesmo exclusivo, ao nascimento. Mas a medida que crescemos e aprendemos, essa força instintiva deve ser controlada pelos interesses evolutivos do Espírito.

            850 – A posição social as vezes favorece a carne, outras vezes ao Espírito quanto ao comportamento que cada um deseja seguir.

            Assim, continuo a entender a necessidade de construir a família ampliada como uma vontade de Deus para que possamos construir o Seu reino na Terra, e que o meu livre arbítrio aceita sem nenhuma restrição, a não ser a de que eu não esteja capacitado para ação de tão grande envergadura. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 29/12/2013 às 01h15