Também encontro no Baghavad Gita (capítulo 18, verso 73) lições sobre a constituição da entidade viva, representada pelo homem, por Arjuna
Em sua posição constitucional a entidade viva representada por Arjuna, tem que agir conforme a ordem do Senhor Supremo. Ela precisa desenvolver autodisciplina. A verdadeira posição do ser vivo é prestar serviço ao Senhor Supremo eternamente. Esquecendo-se deste princípio, ele se condiciona a natureza material, mas servindo ao Senhor Supremo ele se torna o servo puro de Deus. Em sua posição constitucional, a entidade viva é um servo; ela tem que servir ou à mãyã ilusória ou ao Senhor Supremo. Se presta serviço ao Senhor Supremo, ela está em sua condição normal, mas se preferir servir à energia ilusória e externa, então com certeza estará no cativeiro. Em ilusão, a entidade viva está servindo nesse mundo material. Embora atada à sua luxúria e desejos, ela se julga o senhor do mundo. Isso se chama ilusão. Quando a pessoa se libera, sua ilusão acaba, e ela se rende voluntariamente ao Supremo para agir conforme os desejos dEle. A maior ilusão, a maior armadilha de mãyã para apanhar a entidade viva, é propor que ela seja Deus. A entidade viva pensa que deixou de ser uma alma condicionada, que agora ela é Deus. Ela é tão sem inteligência que não pensa que, se fosse mesmo Deus, como poderia então estar com dúvidas? Ela não pondera isto. Portanto, ela é a última armadilha da ilusão. Na verdade, ficar livre da energia ilusória é entender Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, e concordar em agir segundo Sua ordem.
Neste verso, a palavra moha é muito importante. Moha refere-se aquilo que se opõe ao conhecimento. De fato, o verdadeiro conhecimento é a compreensão de que cada ser vivo é um servo eterno do Senhor, mas em vez de aceitar esta posição, a entidade viva pensa que não é servo, mas que é o dono deste mundo material. Esta é a sua ilusão. Esta ilusão pode ser eliminada pela misericórdia do Senhor ou pela misericórdia do devoto puro. Quando esta ilusão acaba, ela passa a agir em consciência de Krsna.
Neste texto verifico que o homem, citado como entidade viva e representado por Arjuna, deve apresentar as características de servo, inevitavelmente, seja para a natureza material, seja para o Senhor Supremo, Deus. A minha condição natural é de servir a Deus, para isso eu fui criado. Porem os meus sentidos materiais podem ficar ofuscados pelos prazeres oferecidos pela Natureza e proporcionar o desvio de minhas obrigações frente ao Criador, em vez de O servir, vou servir à Sua criação, a Natureza material.
É importante que tenhamos conhecimento desse fato, pois só assim podemos refletir na sua importância para a vida. Posso evitar cair no extremo engano de imaginar que sou uma espécie de Deus que devo matar a idéia de outro Deus criador de tudo, que devo prestar serviço a essa Natureza que sei que não fui eu que a criei, mas que dela adquiro os prazeres para manter a satisfação dos meus sentidos enquanto a biologia assim permitir.